O ex-secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro Carlos Moedas afirmou esta sexta-feira, no parlamento, que a EDP – Energias de Portugal saía “sempre cabisbaixa” das reuniões com o governo de Passos Coelho para redução dos apoios à produção.
Em audição na comissão parlamentar de inquérito ao pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade, via ‘Skype’, questionado várias vezes sobre as reuniões com a EDP, Carlos Moedas disse que esteve “várias vezes com a EDP” e “com várias pessoas” da empresa.
Responsável no governo de Passos Coelho pelas relações com a ‘troika’, adiantou que “normalmente estava no início da reunião e depois saía” e prosseguiam com sua equipa “em quem podia confiar”, recordando que os seus elementos eram “duríssimos”, nomeadamente Pedro Ginjeira, que “sabia rebater os argumentos” apresentados pela elétrica contra as medidas a implementar para reduzir os custos do setor e o défice tarifário.
“É interessante que o que me lembro muito bem é que nós éramos duríssimos com a EDP. […] Lembro-me de a EDP sair dessas reuniões sempre cabisbaixa. Aqueles que estão na EDP podem olhar para outros governos e gostar deles, dos nossos acho que nunca gostaram. Essa foi a relação que tivemos com as reuniões com a EDP”, declarou.
O comissário europeu desvalorizou as missivas enviadas pelo então presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, Eduardo Catroga, considerando que “o doutor Catroga gosta de deixar as coisas por escrito e que escreve as suas cartas”.
“Acho normal que nos enviassem muitas cartas da sociedade portuguesa, uns muito zangados, outros só zangados”, acrescentou, referindo que o seu papel era o de “proteger o primeiro-ministro” e, por isso, cabia-lhe receber as pessoas desta área [da energia] que vinham falar e apresentar propostas”, acrescentou.
Já confrontado com a possibilidade de o decreto-lei 35/2013, que alterou o regime remuneratório aplicado a centros eletroprodutores, ter sido redigido pela EDP, Carlos Moedas garantiu: “Eles não teriam coragem de vir ter comigo com um decreto-lei, porque iria parar ao balde do lixo”.
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