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Casimiro: “Pedro Nuno Santos tem duas formas de acabar com as empresas: ou nacionaliza ou manda abrir falência”

“Lutarei perante os tribunais para manter esta empresa. Tenho 50,1% dos votos, a última palavra será sempre minha”; reagiu o acionista maioritário da Groundforce depois de a TAP ter pedido a insolvência da companhia de ‘handling’.
10 Maio 2021, 18h50

Depois de a TAP ter pedido a insolvência da Groundforce, o acionista maioritário da empresa de ‘handling’ garante que vai lutar na justiça para manter o controlo da companhia de ‘handling’.

“Não sei porque razão [foi pedida a insolvência], não sei se é possível. Ainda não digeri.  Tenho sérias dúvidas de que a TAP o possa fazer. E tenho sérias duvidas sobre o futuro de 2.400 trabalhadores da empresa”, disse Alfredo Casimiro ao JE minutos depois de a TAP ter divulgado esta segunda-feira, 10 de maio, um comunicado a anunciar o pedido de insolvência da empresa.

O empresário detém 50,1% através da sociedade Pasogal, com a TAP a deter os restantes 49,9%.

“Tenho sérias duvidas que o sr. ainda ministro Pedro Nuno Santos saiba o que está a fazer, e tenha noção do que está a fazer. Lutarei perante os tribunais para manter esta empresa como sempre a mantive desde que a recuperei”, afirmou o empresário que detém 50,1% da empresa de gestão de bagagens, passageiros e carga nos aeroportos nacionais.

“O senhor ministro tem duas formas para acabar com as empresas: ou nacionaliza ou manda abrir falência. Como não pode nacionalizar esta, resolveu mandar abrir falência. Mas vai ter de me ultrapassar porque que eu tenho 50,1% dos votos; por isso, a última palavra é sempre minha”, de acordo com o empresário.

No comunicado hoje divulgado, a TAP justifica as razões para avançar para o pedido de insolvência: “Face ao agravamento da situação financeira da SPdH; à inexistência de soluções credíveis para a possibilidade de obtenção de financiamento por parte desta sociedade (em particular, na sequência da recusa de financiamento e de prestação de garantia por parte da Caixa Geral de Depósitos e do Banco Português de Fomento); e à falta de condições que, na perspetiva da TAP, o acionista maioritário da SPdH, por si ou através dos membros que indicou para o órgão de administração da SPdH, tem para restabelecer a confiança dos seus credores; a TAP entendeu que o requerimento de declaração de insolvência da SPdH é a solução que melhor protege a generalidade dos stakeholders desta sociedade”.

A TAP garante que o pedido de insolvência não vai paralisar a operação da Groundforce, nem vai travar o processo de venda da empresa de ‘handling’.

No sábado, Alfredo Casimiro anunciou ter colocado à venda a totalidade da sua participação na Groundforce, tendo mandatado o banco Nomura para assessorar o processo de venda.

O empresário, que ocupa os cargos de presidente executivo e presidente do conselho de administração da companhia, pede que seja dada “especial atenção” aos belgas da Aviapartner por terem a capacidade financeira para assegurar o futuro da empresa.

“Dei instruções para que seja dada especial atenção à Aviapartner, empresa belga que beneficiou recentemente de um relevante apoio económico e financeiro do Estado Belga, no âmbito das ajudas extraordinárias ao setor da aviação, com vista a minorar as consequências da crise pandémica”, segundo o comunicado.

“Por via desse apoio, a Aviapartner estará melhor capitalizada e em melhores condições para garantir a viabilidade futura da Groundforce e a manutenção dos postos de trabalho”, acrescenta.

O empresário manifestou a sua perplexidade “pela diferença de tratamento que o mesmo problema mereceu por parte dos governos dos dois países: enquanto a Bélgica apoiou as suas empresas, em Portugal a Groundforce viu chumbados todos os pedidos de auxílio que dirigiu a várias entidades, tendo o próprio Estado liderado esse veto, mesmo reconhecendo estar em causa a única empresa do Grupo TAP que deu lucro nos últimos anos”.

“Como empresário português, esta hostilidade e perseguição ainda se torna mais chocante quando vejo os potenciais compradores da participação da Pasogal na Groundforce a terem liquidez para o fazer, precisamente por beneficiarem de apoio do seu Estado e do seu Governo, apoio esse que neste contexto tão particular sempre me faltou”, segundo Alfredo Casimiro.

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