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Caso Ponte de Sor: Iraque retira embaixador de Portugal

Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros revela que com a chamada de volta a Bagdad do embaixador iraquiano, o mesmo já não será declarado como persona non-grata.
19 Janeiro 2017, 18h13

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anunciou nesta quinta-feira em conferência de impresa que o embaixador do Iraque em Portugal vai deixar o país, por decisão das autoridades de Bagdad, que consideram que este diplomata “não está em condições” de se manter no posto no seguimento do incidente de Ponte de Sor.

Santos Silva explicou que Bagdad respondeu negativamente ao pedido de levantamento diplomática dos jovens, informando Lisboa que o processo judicial relacionado com os filhos do embaixador irá prosseguir no Iraque.

“As autoridades iraquianas comunicam que querem usar a possibilidade que a lei internacional lhe confere de prosseguir, elas próprias no Iraque, o respetivo processo judicial. Isso será feito ao abrigo dos mecanismos da cooperação judiciária existentes entre os diferentes países, incluindo Portugal e o Iraque”, afirmou o ministro.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também já se pronunciou. “O processo, no quadro da convenção de Viena, vai prosseguir, na ordem jurídica iraquiana. O embaixador, atendendo à falta de condições para exercer o cargo, é retirado da sua função”, afirmou aos jornalistas à margem de uma iniciativa no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), em Lisboa.

O Presidente da República explicou ainda que “as autoridades portuguesas fizeram tudo o que deviam ter feito até agora, e continuarão a fazer, num caso em que se exigia, por um lado, o respeito do Estado de direito democrático e por outro o respeito das regras de diplomacia”.

Existem fortes indícios de que os filhos do embaixador tenham praticado um crime de homicídio na forma tentada, avança a Lusa, após a consulta dos autos do processo no Departamento de Investigação e Acção Penal de Évora. 

A Lusa adianta que “a investigação apenas faz referência à indiciação da participação dos filhos do embaixador iraquiano em Portugal nas agressões ao jovem de Ponte de Sor”, excluindo a participação de uma terceira pessoa nas agressões. No documento é mencionado que os dois irmãos iraquianos continuaram as agressões mesmo quando a vítima, caída no chão, deixou de se mexer e que só pararam quando uma testemunha e trabalhadores de limpeza do município se aproximaram do local. 

Faz ainda parte do processo, a declaração de Ridha, filho do embaixador, “que se queixa de terem sido vítimas de agressões horas antes e nega a existência de atropelamento e da intenção de matar o jovem de Ponte de Sor”.

 

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