A menos de uma semana do fim do ano de 2017, são vários os media que têm desenvolvido uma serie de notícias que fazem o balanço deste ano. Uma das práticas mais comuns nesta época é verificar quais os artigos mais lidos e partilhados nas redes sociais e, para capitalizar o feito, voltar a partilhá-los. Foi exatamente isso que o Financial Times (FT) fez com o texto de opinião do diretor editorial Robert Shrimsley sobre Carles Puidgemont. Resultado: os independentistas, por pensarem que se tratava de um sincero elogio a Puidgemont, ‘viralizaram‘ erradamento o artigo satírico.
O texto que elogia de forma matreira o rosto do atual impulso independentista catalão, publicado originalmente a 2 de novembro, acabou por ser partilhado nas redes sociais de forma viral. O artigo ‘viralizou’ talvez porque os partidos pró-independência catalã tenham conseguido a maioria parlamentar nas últimas eleições regionais para a região autónoma da Catalunha, a 21 de dezembro, e os apoiantes do ex-presidente da Generalitat tenham ficado orgulhosos de ver o nome de Puidgemont ao lado dos de Mandela ou Gandhi.
Devido ao tom satírico do artigo de opinião do FT, de acordo com o El País, os independentistas e os apoiantes mais firmes de Puidgemont têm sido enxovalhados nas redes sociais por partilharem, erradamente, uma forte crítica ao ex-presidente do Governo Regional da Catalunha.
“O mundo tem um novo herói e lutador pela liberdade. De Gaulle, Gandhi, Mandela e agora Puidgemont”, pode ler-se no artigo partilhado pelo FT no Twitter. A dar força à partilha equivocada de um artigo critico da independência catalã, estiveram o deputado no parlamento europeu Ramon Tremosa e o cantautor Lluis Llach, ambos reconhecidos apoiantes da questão independentista.
Robert Shrimsley: 'The world has a new and heroic freedom fighter. De Gaulle, Gandhi, Mandela and now Puigdemont' https://t.co/XumRQfSjSZ
— Financial Times (@FT) November 3, 2017
De acordo com o El País, o erro surge porque os apoiantes de Puidgemont aceitam as palavras de Shrimsley de forma literal, quando este deu por certas as semelhanças do ex-presidente da Generalitat com Gandhi ou com Nelson Mandela, que lutou contra o regime do Apartheid na África do Sul.
O artigo de opinião do diretor editorial do FT levou mesmo alguns independentistas a agradecer o artigo, depois de interpretá-lo como um apoio internacional para o movimento de independência.
O artigo de Robert Shrimsley apresenta um diálogo fictício entre Puigdemont e um assistente, que comparando o que aconteceu com o ex-presidente da Generalitat às situações vividas por Gandhi, Mandela, De Gaulle ou até Lenine, evoca o seu pedido de garantias para regressar a Espanha e a possibilidade do catalão acabar por ser preso.
“Ah, Barcelona, vou ver Las Ramblas de novo?”, diz o ex-presidente. “Nós podemos levá-lo de volta a horas, podemos voltar como Lenine”, responde o assistente fictício. A conversa continua entre os cursos humorísticos: “Precisaria de garantias” (…) Ghandi recebeu garantias?”, indaga Puigdemont.
“Ninguém mencionou o sofrimento, o sofrimento não estava planeado, era suposto ameaçar declarar a independência, depois ficar na história da Catalunha e depois negociar com Madrid, eu teria ruas com o meu nome e veria Lionel Messi. Esse foi o acordo, agora tenho a polícia que me quer prender por sedição “, lamenta a Puidgemont no diálogo ficcional de Robert Shrimsley.
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