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Catroga sobre liderança de Stilwell: “A nova equipa vai continuar a construir estratégias de sucesso na EDP”

A nova comissão executiva da EDP vai ser hoje votada pelos acionistas da EDP com a difícil tarefa de substituir António Mexia ao leme da maior empresa da bolsa de Lisboa. Para o antigo ‘chairman’ da EDP, Eduardo Catroga, a “EDP vai conseguir continuar a responder aos desafios que serão permanentes neste sector”.
19 Janeiro 2021, 08h10

Os acionistas da EDP elegem hoje o novo presidente do conselho de administração até 2023. O nome de Miguel Stilwell de Andrade é o único em cima da mesa e já mereceu o apoio dos maiores acionistas da empresa que o convidaram para apresentar os nomes para o Conselho de Administração Executivo (CAE).

A sua equipa vai ser constituída por Miguel Setas (líder da EDP Brasil), Rui Teixeira (líder da EDP Espanha e presidente interino da EDP Renováveis), Vera Pinto Pereira (líder da EDP Comercial) e Ana Paula Marques, que saiu do conselho de administração executivo da NOS para a EDP.

A nova equipa não vai ter a vida fácil, pois vai ter de substituir o gestor António Mexia que liderou a elétrica portuguesa ao longo de 15 anos e que conduziu a elétrica nacional à aposta nas energias renováveis e no mercado norte-americano.

Para Eduardo Catroga, apesar da nova equipa de gestão ser “jovem” considera que a mesma vai conseguir dar resposta ao “desafios permanentes” sector elétrico e que vai manter a estratégia de “sucesso” da maior empresa nacional.

“A EDP sofreu uma grande transformação nos últimos 15-20 anos, começou com a liderança do João Talone e foi muito aprofundada com a liderança de António Mexia. A EDP é um caso de sucesso da economia portuguesa. E um dos elementos fundamentais da EDP é dispor de um conjunto de quadros de alto gabarito”, começou por dizer o ex-presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP (entre 2012 e 2017) ao Jornal Económico.

Sobre Miguel Stilwell de Andrade, destaca que o gestor tem “obra feita na EDP nos últimos 20 anos”.

Analisando os cinco membros do novo CAE, Catroga foi perentório: “É uma equipa jovem, com altas capacidades”.

“Este é um novo ciclo onde a EDP vai conseguir continuar a responder aos desafios que serão permanentes neste setor”, declarou o atual membro do CGS em representação da China Three Gorges (Portugal), conforme indica o site da companhia.

Em pouco mais de um ano, a China Three Gorges (CTG), a maior acionista da EDP, vendeu 4,3% da empresa encaixando 827 milhões de euros. A transação mais recente teve lugar na semana passada com a venda de 2,52% do capital da EDP reduzindo a sua participação para 19,03%, a mais baixa desde que a empresa pública chinesa entrou no capital da elétrica portuguesa em 2012. A operação ficou fechada por 526 milhões de euros.

Em relação à recente venda de 2,52% da EDP pela CTG, Eduardo Catroga considera que “são movimentos normais de acionistas e reconhecimento da CTG do sucesso da estratégia da EDP”.

“Sendo o maior acionista a título individual, tem sido desde 2012 um fator estabilizador da estrutura acionista e do núcleo duro de acionistas que é um elemento essencial para o sucesso estratégico da EDP”, defende.

“Todas as empresas precisam de ter um núcleo duro de acionistas que acreditem na estratégia e a CTG tem manifestado esse apoio desde 2012, tem sido um fator essencial ao progresso da EDP”, sublinhou o antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva.

Questionado pela valorização do grupo EDP e da EDP Renováveis na bolsa de Lisboa, o gestor destaca que este é o “reconhecimento pelo mercado do modelo de negócio que foi implementado nos últimos 15 anos, e o reconhecimento que a estratégia executada foi de sucesso”.

“Agora, os desafios serão permanentes, o sucesso do passado ou o atual não é garantia de sucesso no futuro. O futuro constrói-se, tenho confiança que a nova equipa vai continuar a construir estratégias de sucesso adaptadas a evolução do contexto competitivo que será dinâmico sempre”, analisou.

O grupo EDP valorizou quase 33% na bolsa de Lisboa num espaço de um ano, tendo agora uma capitalização bolsista de 21,2 mil milhões de euros.

A cotação da EDP tem vindo a bater recordes no PSI 20: no dia 8 de janeiro atingiu o seu valor mais alto de sempre em negociação (5,66 euros) e o mais elevado de fecho (5,63 euros).

Também a EDP Renováveis tem registado um crescimento assinalável na bolsa de Lisboa. A companhia liderada desde 2008 por João Manso Neto e que sai agora do cargo valorizou 113% no último ano. A Renováveis já vale quase tanto quanto a casa-mãe: 20,11 mil milhões de euros.

No dia 8 de janeiro atingiu o seu valor mais alto de sempre na bolsa de Lisboa (26,40 euros) durante a negociação. Já a cotação de fecho mais elevada foi atingida a 7 de janeiro (25,80 euros).

A China Three Gorges continua assim a ser a maior acionista com 19,03% da elétrica. Seguem-se os espanhóis da Oppidum Capital com 7,20%, sociedade detida em 55,9% pela Masaveu Internacional, SL., com os restantes 44,1% detidos pelo Liberbank, e os norte-americanos do fundo Blackrock com 5,06%. Depois, na quarta posição surgem os noruegueses do Norges Bank (2,95%), seguidos do Alliance Bernstein (2,68%), dos argelinos do Sonatrach (2,19%) e da Qatar Investment Authority (2,09%).

O grupo EDP encaixou 2,7 mil milhões de euros em vendas em 2020: a vendas das barragens no Douro a um consórcio francês, e a venda de ativos em Espanha à francesa Total. No final do ano passado, também concluiu a compra da energética espanhola Viesgo, avaliada em 2,7 mil milhões de euros.

Quem é Miguel Stilwell de Andrade?

O gestor conhecido por ser discreto e ser um amante de surf está na EDP desde o ano 2000, tendo sido diretor da área de Estratégia e Desenvolvimento Corporativo/Fusões e Aquisições do grupo entre 2005 e 2009. Entre as principais operações que coordenou no mercado de capitais incluem-se a aquisição de “várias empresas de renováveis que deram origem à EDP Renováveis, a aquisição da Hidrocantábrico, várias fases da reprivatização da EDP, o aumento de capital da EDP em 2004, a OPV da EDP Energias do Brasil em 2005 e a OPV da EDP Renováveis em 2008”, segundo o a elétrica.

Entre 2009 e 2012, foi membro do conselho de administração da EDP Distribuição. Já em 2012, foi nomeado presidente da EDP Comercial, ano em que foi eleito membro do conselho de administração executivo.

Em abril de 2018 foi nomeado administrador financeiro, e em 2020 chegou a presidente executivo interino da EDP após a suspensão de António Mexia por decisão judicial no âmbito do processo dos CMEC. Agora, deverá ser nomeado para liderar a elétrica durante dois anos até 2023.

Apesar da sua forte pegada internacional, a EDP mantém a aposta num gestor português, ao contrário da Galp, por exemplo, que recentemente nomeou Andy Brown, de nacionalidade britânica e com carreira feita na Royal Dutch Shell, para substituir Carlos Gomes da Silva na liderança da petrolífera nacional.

https://jornaleconomico.pt/noticias/carta-de-despedida-de-mexia-da-edp-foi-uma-viagem-extraordinaria-ao-longo-de-15-anos-671009

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