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Cellnex e DST/Cube avançam para compra da fibra ótica da MEO

Há três candidatos que se preparam para avançar com propostas vinculativas para comprar a rede de fibra ótica da Meo. Entre eles a espanhola Cellnex e a DST em parceria com o Fundo Cube.
19 Maio 2019, 19h00

A espanhola Cellnex e a operadora nacional de rede de fibra ótica, DST, em parceria com o fundo de infraestruturas Cube, estão entre os candidatos à compra da rede fibra ótica da Meo, detida pela Altice Portugal, soube o Jornal Económico (JE). Há ainda um terceiro fundo de infraestrutras internacional na corrida, que não está identificado. As propostas não vinculativas foram apresentadas em abril, apurou o JE, e os interessados esperam passar à segunda fase de apresentação de propostas vinculativas, o que deverá acontecer até ao fim de maio. No entanto, é provável que este prazo acabe por resvalar, admitem várias fontes.

A Cellnex Telecom é a operadora líder de infraestruturas de telecomunicações sem fio na Europa, e opera sobretudo torres de telecomunicações, sendo especialista na instalação de redes de fibra ótica nas torres e antenas, fundamentais para a tecnologia do 5G, o que posiciona a empresa no desenvolvimento de redes de nova geração, explicou outra fonte.

A Cellnex é uma operadora que cresceu por aquisições e está neste momento em seis países (Itália, Holanda, Reino Unido, França, Suíça e Espanha). A compra da rede de fibra óptica da Meo permitir-lhe-ia entrar no mercado português. A Cellnex também surgiu na corrida à compra de 75% das torres de telecomunicações da Altice, sem sucesso. Contatada, a Cellnex “declinou comentar” a compra da fibra ótica.

Já a portuguesa DST, de Braga, avançou com uma proposta em parceria com o Fundo Cube. Contatada, a empresa não esteve disponível para responder ao JE.

A Cube é controlada pela sociedade luxemburguesa Cube Infrastructure Fund, acionista da DST Telecomunicações e é um fundo europeu de infraestruturas dedicado principalmente aos mercados dos transportes públicos, energia e redes de comunicação por fibra ótica. Já a DST Telecomunicações pertence ao grupo DST – que opera nos setores de engenharia e da construção, ambiente, energias renováveis, comunicações eletrónicas e imobiliário  – e é uma empresa do setor das comunicações eletrónicas em Portugal que disponibiliza ofertas grossistas de acesso a redes de fibra ótica de nova geração.

A DSTelecom “construiu e opera uma rede ultramoderna de fibra ótica nas zonas de menor densidade populacional do país, com o objetivo de permitir a todos os operadores de telecomunicações prestar aos seus clientes qualquer serviço de comunicações, TV e acesso à Internet disponível no mercado”, lê-se no site da operadora de Braga.

A Altice, que comprou a PT em 2015, contratou a Lazard para identificar potenciais interessados na venda da rede de fibra ótica da Meo. Antes da abertura formal do processo de venda, a Bloomberg noticiou que, entre os interessados na fibra da Altice Portugal, estariam a Brookfield Asset Management, o Canada Pension Plan Investment Board, o fundo KKR e o Macquarie Group. O grupo Blackstone, assim como os espanhóis da Cellnex Telecom, também estariam a ponderar submeter propostas, avançou a Bloomberg em fevereiro.

Fora da corrida, sabe o JE, está a Morgan Stanley Infrastructure que comprou, juntamente com a Horizon Equity Partners, 75% do negócio das torres de comunicação da Altice no ano passado por 660 milhões. A venda das torres de comunicações em Portugal e em França valeram à Altice 2,5 mil milhões de euros.

A Altice já confirmou que quer abrir o capital da sua rede de fibra ótica em Portugal. Os compradores avaliam a infraestrutura entre três e quatro mil milhões, apurou o JE.

A empresa dona da Meo pretende concluir a alienação até ao fim do ano e, para o efeito, vai criar uma nova empresa que ficará com a rede de fibra, à semelhança do que sucedeu quando alienou as torres de telecomunicações. Para cumprir com o objetivo já confirmado pelo CEO da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, de abrir a fibra da Meo às operadoras concorrentes, a venda deverá abranger a maioria do capital e dar origem à gestão independente, à semelhança do que aconteceu com a venda das torres de telecomunicações, cuja administração é composta por representantes do Fundo Horizon e da Morgan Stanley.

Sobre a venda da fibra ótica, Alexandre Fonseca disse publicamente que “nós queremos que esta rede seja uma rede aberta, seja uma rede que possa ser utilizada por outros operadores, pois queremos ajudar a competitividade do país”.

Este negócio enquadra-se na estratégia de venda de ativos não centrais ao negócio da Altice Europe, a empresa que detém o negócio em Portugal, no sentido de reduzir a dívida do grupo. Surge em linha com a estratégia seguida pela empresa em França, onde vendeu uma posição de 49,99% no negócio da fibra ótica da operadora SFR a três fundos de investimento por 1,8 mil milhões de euros.

Artigo publicado na edição nº 1986, de 26 de abril, do Jornal Económico

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