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Centeno demonstra que 54% da capitalização do Novo Banco é privada (com áudio)

“Se fizer as contas, 54% de todo o esforço de capitalização do Novo Banco é privado e 46% é público, através de empréstimos que hoje são despesa efetiva e que serão receita efetiva amanhã”, disse o governador do Banco de Portugal.
19 Maio 2021, 07h45

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças esteve a ser ouvido durante quase seis horas na Comissão Parlamentar de Inquérito ao Novo Banco.

Em resposta ao deputado do PCP, Duarte Alves, Centeno explicou que 54% da capitalização doo Novo Banco foi com capitais privados.

“Se fizer as contas, 54% de todo o esforço de capitalização do Novo Banco é privado e 46% é público, através de empréstimos que hoje são despesa efetiva e que serão receita efetiva amanhã”, disse o governador do Banco de Portugal.

Mário Centeno detalhou que 1.000 milhões vieram da capitalização da Lone Star (22% do total); “depois acrescem 210 milhões de euros (5% do total) por conta do LME (liability management exercises), exercício de troca de obrigações antes da venda; depois temos a dívida a privados que foram 400 milhões de euros que foi executado em 2017; a receita da contribuição do sector bancário que nos três anos 2017, 2018, 2019, somam de 846 milhões de euros, correspondeu a 18%. Se somar todas estas parcelas vê que 54% de todo o esforço de capitalização do Novo Banco é privado”, disse o governador do BdP.

“O Estado emprestou ao Fundo de Resolução 2.130 milhões de euros, o que representa 46% de todo o esforço”, explicou Centeno ao deputado do PCP que defende os méritos de uma hipotética nacionalização, como alternativa.

“É verdade que tudo isto é muito dinheiro”, reconhece o ex-ministro que diz no entanto que os números são claros.

Mais tarde respondeu ao PCP que “é possível fazer uma avaliação dos custos que teria uma nacionalização [em 2017 e em 2014]”, disse garantindo que ia “envidar esforços para que possa ser feita uma avaliação mais completa”.

O backstop capital (capital de último recurso) de 1,6 mil milhões de euros “é uma possibilidade que, na negociação com a Comissão Europeia, insistimos que ficasse”, referiu Mário Centeno que adiantou que isso “foi uma conquista, um ganho da República na negociação com a Comissão Europeia. Para retirar a espectro da possibilidade de liquidação do Novo Banco”.

“É uma medida cautelar” para um cenário severo, lembrou Centeno. Este backstop capital “não teve custo nenhum”, lembrou. O capital backstop tem a duração do período de reestruturação, portanto só pode ser usado até 2021.

“Não sei se percebem o que representava liquidar um banco como o Novo Banco?” disse Centeno. O governador lembrou que a dívida pública e privada soma 330% do PIB, “são 670 mil milhões de euros, não quereríamos estar nesse cenário”

O progresso da credibilidade para o país, que a venda do Novo Banco trouxe, foi também invocado.

Mário Centeno diz que a “as contas públicas de 2018 sem a venda do Novo Banco em 2017 seriam uma tragédia nacional”. A evolução dos juros, diz o Governador do Banco de Portugal, não teria sido a mesma.

O governador entende que não há nenhum sistema bancário, financeiro ou político “que tenha experimentado sequer algo desta dimensão”, avisando que a estabilidade financeira tem de ser salvaguardada.

“Se nós não tivermos, enquanto decisores políticos, a capacidade de levar estes processos até ao fim, em nome da estabilidade financeira, ninguém nos vai perdoar — isso vos posso garantir”, disse Centeno.

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