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Centeno: euro deve afirmar-se como “catalisador” no sistema monetário internacional

Mário Centeno entende que a moeda única é “mais do que a soma das partes” e não tem o devido peso internacional, pelo que se deve afirmar com “um objetivo não hegemónico mas catalizador”, assente no multilateralismo.
22 Março 2019, 11h50

O ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, defende que é essencial reforçar o papel do euro no sistema monetário internacional. Mário Centeno entende que a moeda única é “mais do que a soma das partes” e não tem o devido peso internacional, pelo que se deve afirmar com “um objetivo não hegemónico mas catalizador”, assente no multilateralismo.

“O euro é a segunda moeda principal do sistema monetário internacional, atrás do dólar, mas o seu peso no panorama internacional fica aquém do que seria de esperar tendo em conta a relevância da União Europeia (UE) no mundo”, afirmou o ministro Mário Centeno, numa intervenção com o tema “A Europa na ordem global do século XXI”, integrada na conferência promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian “Para onde vai a Europa?”.

Mário Centeno indica que a ordem global do século XXI está a ser ameaçada pelo crescimento do populismo e pela posição isolacionista dos Estados Unidos. O governante lembrou que o euro foi criado para dar resposta a problemas internos do projeto europeu, tendo em conta que o uso de diferentes moedas num espaço económico comum era “um facto de disrupção” no bloco. “A criação do euro foi um complemento natural ao mercado único”, explicou.

O ministro sublinha que as questões e desafios que são hoje levantados à atual ordem global, liderada pelos Estados Unidos, levam a uma necessidade de repensar o euro. Mário Centeno deu conta de que, desde de 2000, o euro foi perdendo importância e este fenómeno foi acentuado “com a crise financeira e a crise da dívida soberana”. Mas o presidente do Eurogrupo acredita que o euro é “mais do que a soma das partes” e deve reafirmar-se no panorama internacional.

“Com o reforço do euro, a Europa reforçaria também o seu papel em questões internacionais. Mas este não seria um projeto a curto prazo e, com certeza, não caberia no espaço de um tweet”, afirmou. “A UE deve reforçar a exigência sobre si própria, assim como a sustentabilidade da UE, com base num impulso integrador dos Estados-membros da UE”.

O presidente do Eurogrupo defende, no entanto, que “o reforço do papel internacional do euro não significa suplantar o dólar”, sustentou Mário Centeno. O governante entende que um sistema monetário internacional com mais de uma moeda dominante seria uma mais-valia. “A afirmação do papel do euro teria um objetivo não hegemónico mas catalizador”.

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