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Centeno garante que dívida e finanças públicas estão controladas

Ministro das Finanças afirma que o ano está muito controlado em termos de financiamento, apesar da subida dos juros da dívida pública.
  • Cristina Bernardo
27 Janeiro 2017, 10h21

O ministro das Finanças Mário Centeno diz que, em termos de financiamento, Portugal está este ano muito controlado. Apesar da subida dos juros da dívida pública, não será necessário utilizar a almofada de liquidez, afirmou em entrevista à Bloomberg depois da reunião do Eurogrupo que aconteceu esta quinta-feira.

“Temos uma almofada de liquidez que é grande o suficiente para enfrentar o ano numa posição confortável”, disse o ministro, que acredita que não será necessário recorrer ao mecanismo de proteção. Centeno afirmou ainda que o ano começou bastante bem e que “está muito controlado em termos de financiamento” apesar de “os custos de financiamento serem um motivo de preocupação”.

As declarações de Mário Centeno aconteceram depois de ter garantido junto dos ministros das Finanças da Zona Euro que o défice português diminuiu quase 500 milhões de euros em 2016, ficando abaixo dos 2,3% do PIB. “Tive oportunidade de mostrar aos meus colegas que estamos atualmente a cumprir os nossos compromissos,” disse sobre a meta de Bruxelas.

No entanto, os juros da dívida pública a dez anos têm estado a subir e fecharam ontem nos 4.120%, um valor que não se registava desde fevereiro do ano passado. “Tem existido um pouco de volatilidade. Temos algumas incertezas políticas no mundo”, justificou o ministro, que acredita que esta volatilidade pode desvanecer. A questão dos juros não foi, porém, discutida de forma detalhada durante a reunião.

Governo trabalha com o Banco de Portugal para estabilizar a banca

Quando questionado sobre os problemas na banca portuguesa, Mário Centeno afirmou que existe incerteza, mas que o Governo português está a trabalhar em conjunto com as autoridades europeias, “de forma muito transparente” para encontrar as “soluções certas”. A venda do Novo Banco está “numa fase muito importante” e o ministro quer terminar a operação que está a ser liderada pelo Banco de Portugal em seis meses.

À margem da reunião do Eurogrupo, Mário Centeno tinha já afirmado que a venda do Novo Banco avança “com bastante intensidade”, um processo que tem sido acompanhado pelo Governo. “No princípio deste ano, o Banco de Portugal tomou mais um passo na direção da conclusão do processo, e antecipa-se que proximamente” tal aconteça, tinha já referido ontem Mário Centeno à Lusa em Bruxelas, numa alusão à escolha do Lone Star como principal potencial comprador.

O Presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, afirmou também ontem que Portugal está a “tomar as medidas adequadas”, mas que é necessário implementar uma agenda de reformas e reforçar o sector bancário.

“Penso que (essa volatilidade) sublinha uma vez mais a necessidade de Portugal fazer avançar a agenda de reformas, com a qual disseram estar comprometidos, e de dar mais passos para reforçar o setor bancário, o que está a ser feito neste momento. Penso, portanto, que estão a tomar as medidas adequadas”, declarou Dijsselbloem.

O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, declarou partilhar da opinião de Dijsselbloem. “Analisámos a situação com um olhar construtivo e tomámos nota dos compromissos claros assumidos por Mário Centeno, com quem me vou reunir amanhã (sexta-feira) à tarde, num encontro bilateral”, afirmou o comissário francês.

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