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CEO da Galp: “Carga fiscal sobre combustíveis é das mais altas da Europa. Estão a criticar as pessoas erradas”

O líder da Galp deixou fortes críticas ao mecanismo aprovado pelo Governo que ainda vai ser votado no Parlamento e disse que o relatório da ENSE tem “muitos erros”. “Este tipo de regulação é muito negativa em qualquer país”, afirmou Andy Brown.
26 Julho 2021, 13h02

O presidente executivo da Galp criticou hoje o relatório da Entidade Nacional do Sector Energético (ENSE) sobre as margens das petrolíferas e o Governo por querer avançar com um mecanismo para controlar as margens das gasolineiras/petrolíferas.

“Se olharmos para o relatório da ENSE, há muitos erros em como calcularam as margens: 80% do aumento das margens que referem devem-se a erros nos seus cálculos, não temos falado muito sobre isto publicamente, mas estamos muito desiludidos com isto”, disse Andy Brown esta segunda-feira, 26 de julho, numa chamada com analistas.

“Se olharmos para os preços dos combustíveis na bomba em Portugal, 12% vão para os custos de distribuição, 700 postos [da Galp], 900 trabalhadores diretos, e 2.500 trabalhadores indiretos que trabalham com os nossos parceiros. Um número enorme de pessoas que não têm sido referenciadas”, começou por explicar.

“Este segmento de negócio, representou 7% do nosso EBITDA total no segundo trimestre; na refinação, 1% do EBTIDA no segundo trimestre; portanto, 8% do EBITDA total e 40% dos nossos trabalhadores na Galp”, acrescentou.

“A ideia de que é por aqui que fazemos o nosso dinheiro… temos de revelar estes dados ao público. Temos uma carga fiscal de 60%, uma das cinco mais altas da Europa; penso que estão a criticar as pessoas erradas”, acrescentou.

Para terminar, Andy Brown garantiu que a Galp vai transmitir ao Governo que é contra este tipo de legislação. “Vamos fazer com que a nossa posição seja tornada muito clara junto do Governo português, este tipo de regulação é muito negativa em qualquer país”.

O Governo aprovou na semana passada o mecanismo para controlar as margens das petrolíferas e gasolineiras na venda de combustíveis simples. A proposta de lei já seguiu para o Parlamento onde vai ser debatida e votada.

O objetivo é fixar a “margem máxima de venda dos combustíveis, margem essa que é um somatório de margens que tem a ver com o transporte, armazenamento, distribuição grossista e retalhista. A venda sobre todas elas, conhecemos os valores de referência, que continuam a ser calculados dia a dia pela ENSE”, disse o ministro do Ambiente na passada quinta-feira.

Questionado sobre o impacto líquido do mecanismo nos preços das bombas, o ministro disse que “tomando como referência o último dia do mês de junho, o dia do relatório da ENSE, a gasolina baixaria o seu preço em nove cêntimos e o gasóleo em um cêntimo, segundo João Pedro Matos Fernandes.

A subida do preço dos combustíveis – em máximo de dois anos – deve-se aos aumentos feitos pelas gasolineiras, conclui uma análise da Entidade Nacional para o Sector Energético (ENSE) divulgada a 14 de julho. O supervisor concluiu que as margens subiram 36% na gasolina e 5% no gasóleo.

“A análise da ENSE confirma ainda que os preços médios de venda ao público estão em máximos de dois anos, em todos os combustíveis, sendo que esta subida é mais justificada pelo aumento dos preços antes de impostos e das margens brutas do que pelo aumento da fiscalidade”, segundo comunicado divulgado esta quarta-feira, 14 de julho pela ENSE, entidade supervisora e fiscalizadora do mercado dos combustíveis.

O supervisor analisou os preços dos combustíveis entre 2019 e 2021 e concluiu que nos dois últimos anos a “margem média anual foi superior à média registada em 2019, período anterior à pandemia”.

“Durante os meses críticos da pandemia, os preços médios de venda ao público desceram a um ritmo claramente inferior à descida dos preços de referência. As margens dos comercializadores atingiram, assim, em 2020, máximos do período em análise. Na gasolina, com 36,8 cêntimos por litro (cts/l), a 23 de março; e no gasóleo, com 29,3 cts/l, a 16 de março”.

Na quarta-feira, 30 de junho 2021, a “margem apurada sobre a gasolina era superior à margem média praticada em 2019 em 0,069€ (ou +36,62%). No caso do gasóleo, a margem no último dia do mês de junho era 0,01€ superior à média do ano de 2019 (ou +5,08%)”.

Conforme explica a entidade liderada por Filipe Meirinho, as “margens brutas consistem na diferença entre o preço médio de venda ao público (em bomba) e o preço de referência. O preço de referência tem por base uma fórmula (publicada pela ENSE) que permite determinar o preço à saída da refinaria. Já os preços de comercialização resultam da fixação livre do mercado e variam de posto para posto e de marca para marca”.

A ENSE destaca que no período abrangido pelo estudo “constatou-se, ainda, uma quebra no volume de vendas de combustíveis. Especificamente em abril de 2020, o volume total de vendas de combustíveis rodoviários registou uma descida de 49,82% face ao mês homólogo de 2019, depois de em março de 2020 essa redução homóloga ter sido de 21,74%”.

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