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CEO da Renault-Nissan-Mitsubishi, conhecido como ‘Le Cost Killer’, detido por evasão fiscal

Carlos Ghosn, apelidado de”Le Cost Killer” (o ‘assassino dos custos’) é suspeito de ter cometido evasão fiscal, declarando rendimentos abaixo do seu salário.
  • Carlos Ghosn
19 Novembro 2018, 15h04

O chairman da Nissan, Carlos Ghosn, foi detido, esta segunda-feira, depois de uma investigação interna da construtora japonesa ter concluído que o CEO da maior aliança automóvel do mundo, o conglomerado Renault-Nissan-Mitsubishi, ter cometido evasão fiscal, declarando rendimentos abaixo do seu salário, noticia o “The New York Times”. Ghosn terá procedido desta forma fraudulenta durante “vários anos”.

A Nissan abriu a investigação interna sobre a conduta fraudulenta de Carlos Ghosn depois de ter recebido uma denúncia anónima de um colaborador que informou a empresa de que o “Le Cost Killer”, como Ghosn é conhecido na indústria automóvel, de ter declarado rendimentos abaixo do seu salário e também de ter usado ativos da empresa para benefício pessoal.

Em junho de 2017, Ghosn recebeu 7,4 milhões de euros da Renault e 9,2 milhões de euros durante o último ano enquanto CEO da Nissan.

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Outro diretor da Nissan, Greg Kelly, que trabalhou durante anos no departamento de recursos humanos da empresa, tendo sido nomeado para board em 2012, também foi acusado de conduta indevida. Ambos foram detidos pelas autoridades. Antes das duas detenções, a Nissan já tinha anunciado que ia retirar os dois administradores dos seus cargos.

O atual CEO da Nissan, Hiroto Saikawa, que substitui Carlos Ghosn no cargo em 2017, reconheceu que líder da aliança automóvel concentrava muito poder e que a investigação da empresa japonesa à conduta de Ghosn tem implicações sérias ao nível da governança corporativa.

Segundo a agência “Reuters”, Saikawa vai propor a saída de Ghosn e de Greg Kelly do board. Ghosn vai sair do cargo de chairman da Nissan e de CEO da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.

As ações da Renault resvalaram 10% na Bolsa de Paris enquanto as ações da Nissan caíram 9%. Em França, o predisente Emmanuel Macrom disse que o governo francês está a acompanhar a situação de perto, uma vez que o Estado francês é o maior acionista da Renault.

A Renault detém 43,3% da Nissan enquanto a construtora japonena detém 15% da marca francesa, sem ter, no entanto, direitos de voto. Por sua vez, a Nissan detém 34% da Mitsubishi desde 2016.

Segundo o “The New York Times”, o caso constitui um “tombo” na carreira de Carlos Ghosn, que chegou ao leme da Nissan depois de a Renault ter comprado a construtora japonesa em 1999. Carlos Ghosn, que tem as nacionalidades francesa, brasileira e libanesa, saiu do cargo de CEO da Nissan, mas manteve-se como presidente executivo da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, cargo que iria manter até 2020.

Carlos Ghosn foi apelidado de”Le Cost Killer” (o ‘assassino dos custos’), numa alusão à sua nacionalidade francesa e ao facto de ter implementado uma política agressiva de cortes de custos da Nissan, tendo ordenado o encerramento de 5 fábricas no Japão e de ter despedido 21 mil pessoas. Enquanto CEO da maior aliança da indústria automóvel do mundo, Ghosn fazia as três construtoras trabalharem em conjunto, de forma a aumentarem as sinergias e comportando-se como uma empresa única.

Ghosn foi dos primeiros CEO da indústria automóvel a apostar na eletrificação dos carros. Atualmente, o Nissan Leaf é o automóvel elétrico mais vendido do mundo e é o “esqueleto” do também elétrico Renault Zoe.

 

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