[weglot_switcher]

CEO do Bison Bank diz que a lei de segurança de Hong Kong “poderá reforçar” a estratégia do banco em ser a ligação entre a Europa e a Ásia

Bian Fang, CEO do Bison Bank, disse ao JE que a lei de segurança de Hong Kong, aprovada pelo Partido Comunista Chinês no passado dia 30 de junho, poderá até “reforçar” a estratégia do Bison Bank em tornar-se numa ponta de ligação entre os mercado europeu e asiático e não vai pôr em causa o poder financeiro da região.
15 Julho 2020, 16h19

Bian Fang, CEO do Bison Bank, questionado pelo Jornal Económico sobre se a lei da segurança de Hong Kong poderia criar obstáculos imprevistos à estratégia que o banco tem em tornar-se numa ponte de ligação entre o mercado europeu e o mercado asiático, respondeu que “a construção da ponte de ligação [do Bison Bank] entre a Europa e a Ásia, a nova lei de segurança poderá reforçar a nossa estratégia asiática”.

Citando uma análise levada a cabo pela “Bloomberg”, Bian Fang explicou que “o investimento chinês no mercado aumentaram e foram acelerados depois de terem sido anunciados os planos para impor a lei de segurança”.

O CEO do Bison Bank salientou ainda que “para as instituições financeiras que pretendem desenvolver atividade em Hong Kong, a segurança e a estabilidade geram investimento direto estrangeiro que, por sua vez, criam ligações estáveis e de longo-prazo entre as empresas internacionais e, consequentemente, entre as economias”.

Em junho do ano passado, na sua primeira entrevista desde que se tornou CEO da instituição financeira, Bian Fang revelou ao Jornal Económico que a “maior” competência do Bison Bank “reside na capacidade construir uma ponte entre a Europa e a Ásia, além de atrair investimento asiático para Portugal”.

Recentemente, a comissão executiva do Bison Bank aprovou a plataforma “China Desk” que será responsável pela ligação e comunicação com clientes da China, Hong Kong e Macau.

Na página oficial da internet da instituição financeira, o Bison Bank diz ser um “banco sediado na europa detido totalmente por capital privado chinês de Hong Kong, focado numa diversificada e especializada prestação de serviços de gestão de riqueza, depósitos e custódia [de ativos] e de banca de investimento para clientes individuais e institucionais, através de uma plataforma de ligação entre os mercados europeus e asiáticos”.

The Bison Bank, S.A. is a European based bank fully held by private Chinese capital from Hong Kong, focused on providing a wide and specialized range of Wealth Management, Depositary & Custody and Investment Banking services to Individuals and Institutional Clients, through a seamless platform connecting European and Asian markets.

O poder financeiro de Hong Kong, que é uma das principais praças financeiras mundiais, também não deverá ficar fragilizado com a aprovação da lei da segurança. Bian Fang acredita que “Hong Kong permanecerá uma lugar muito rentável para o comércio, o que foi ilustrado pelos milhares de milhões de dólares em entradas em bolsa de empresas chinesas e negócios no mercado imobiliário nas últimas semanas”.

O CEO do Bison Bank reforçou ainda que “para os mercados de capitais no mundo inteiro, a estabilidade é um elemento chave porque as empresas conseguem operar nacional e internacionalmente sem constrangimentos geopolíticos nem sociais”.

Além disso, o CEO do Bison Bank adiantou ainda que as represálias da administração norte-americana também não vão prejudicar o acesso de Hong Kong ao sistema financeiro mundial.

“Até agora, os avisos da administração de Trump têm-se centrado no comércio [internacional]. Retirar o estatuto especial a Hong Kong significa que os Estados Unidos vão impor as mesmas tarifas elevadas e outras barreiras aos bens que passam nos portos do território que são aplicadas à China, o que vai prejudicar as empresas e os consumidores, quer em Hong Hong, quer nos Estados Unidos”, argumentou Bian Fang.

Esta quarta-feira, Donald Trump assinou uma ordem executiva que decretou o fim do tratamento especial económico concedido pelos Estados Unidos a Hong Kong, de acordo com a imprensa internacional.

A China criticou a ofensiva da administração norte-americana e anunciou que vai retaliar.

A lei de segurança de Hong Kong tem sido criticada pelos media ocidentais. Segundo o “The New York Times“, num artigo publicado no dia 30 de junho e atualizado no passado dia 13 de julho, refere que a legislação foi aprovada em “segredo”. Ao longo de 66 artigos, a lei “estabelece um vasto aparato no território e atribui largos poderes a Pequim” para criminalizar uma variedade de crimes políticos — separatismo, subversão, terrorismo e conluio com países externos.

A mesma publicação citou ainda declarações de Jerome A. Cohen, um professor de Direito na Universidade de Nova Iorque e especialista no sistema legal chinês, que considerou que a lei de segurança consiste “numa aquisição (tradução livre do inglês, takeover) de Hong Kong”.

O mesmo artigo cita declarações de Zhang Xiaoming, um diretor do governo central chinês para Hong Kong, nas quais disse que “a lei serve para punir um número pequeno de criminosos que seriamente colocam em perigo a segurança nacional — é uma espada afiada em cima das suas cabeças que vai dissuadir forças externas de interferirem em Hong Kong”.

O mesmo jornal norte-americano descreve noutro artigo que a lei de segurança cria um Comité para Preservar a Segurança Nacional que é “autorizado a operar em secretismo total e protegido de quezílias legais”.

Donald Trump, já disse que a lei de segurança poderá pôr em causa o princípio “um país, dois sistemas” que governa as relações entre Hong Kong e a China.

https://jornaleconomico.pt/noticias/estabilidade-e-o-fundamental-que-china-valoriza-em-portugal-diz-bison-bank-459020

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.