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Cervejas da Madeira dizem que ‘dumping’ trava expansão em Portugal Continental

Com 145 anos de atividade e 150 medalhas ‘Monde Selection’, a Empresa de Cervejas da Madeira (ECM) denuncia falta de regras nos preços e na publicidade no mercado continental.
11 Setembro 2017, 06h41

Com 145 anos de atividade completados, a Empresa de Cerveja da Madeira (ECM) está a crescer no mercado madeirense e a consolidar as exportações para países terceiros, sem conseguir contudo penetrar no mercado continental.
“Crescemos mais nos países longínquos do que no mercado nacional, o que não deixa de ser curioso, já que somos a única cervejeira 100% portuguesa”, lamenta o administrador Miguel Sousa que aponta as culpas para a falta de regras comerciais, um problema cuja resolução tarda, apesar, afiança, dos “sucessivos alertas feitos junto do Governo”.

Num território, “onde as regras comerciais são adulteradas pelas grandes empresas” torna-se difícil para uma pequena cervejeira investir. “O dumping tem de ser combatido. Há preços abaixo do valor de custo. As empresas perdem dinheiro para ganhar quotas de mercado”, critica Miguel Sousa. A publicidade é outra das áreas, “onde anda tudo à solta”, acusa o empresário, referindo-se, por exemplo, à publicitação de produtos com álcool durante o dia.

Consumo na Madeira cresce 10%
Apesar da falta de expetativas para o mercado continental, a empresa vive uma conjuntura positiva graças à subida das exportações e aos números do consumo interno. As vendas da cerveja Coral, por exemplo,  cresceram 10% comparativamente ao ano passado, ajudadas pelos excelentes indicadores turísticos e pela recuperação da economia.
Na Madeira, refere o administrador da ECM, o consumo de cerveja é maior nos meses de Verão e em Dezembro, altura em que o clima ameno e a diversidade de festas  favorece a procura.

A Brisa, outro dos produtos bastante populares na Região, também tem registado um  aumento de vendas, tendência que se aplica à procura pela Coral tónica, uma cerveja tipo ‘stout’ de produção mais recente.
A Brisa,  refrigerante com uma produção de 4 milhões de litros contabilizados no ano passado, foi alvo, após 15 anos, de um ‘refresh’ na imagem e na quantidade de sumo, passando as garrafas a ter 0,36 cl ao invés de 0,33 cl.
Em 2016 , a empresa comercializou mais de 35 milhões de litros de bebidas, entre cerveja, refrigerantes e água. A ECM é detentora das marcas de Coral e Zarco, dos refrigerantes Brisa, Brisol e Laranjada e da água Atlântida.

Com 270 colaboradores em vínculo laboral e 50 em regime de outsourcing, a cervejeira paga dez milhões de impostos e taxas anuais e mais de um milhão de euros por serviços fornecidos.

No currículo soma já mais de 150 medalhas ‘Monde Selection’, um certificado que atesta a qualidade dos seus produtos.
Fundada em 1872 por uma família inglesa – os Miles -, a ECM começou por ser designado por ‘Atlantic Brewery’. Consolidou-se  na Madeira e entre os madeirenses, apostando num marketing muito próximo do estilo de vida e dos valores regionais.
A empresa prepara-se para comercializar uma nova água alcalina, a PH 8,2, e faz das  preocupações ecológicas outros dos motivos de regozijo. “99,9% das garrafas de cerveja são retornáveis. Nos sumos e águas, a taxa é de 23,3%”, regozija-se Miguel Sousa.

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