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CFP considera que projeções do Governo para o investimento são otimistas

Entidade presidida por Teodora Cardoso aponta que, “no médio prazo, a previsão de crescimento da FBCF afigura-se otimista, aumentando o risco descendente implícito na previsão de crescimento do PIB real”.
  • Teodora Cardoso, presidente do Conselho de Finanças Públicas
13 Abril 2018, 22h01

O Conselho de Finanças Públicas (CFP) considera que as previsões do Governo para o aumento do investimento nos próximos cinco anos são otimistas e constituem o principal risco dos cenários macroeconómicos constantes do Programa de Estabilidade, apresentado esta sexta-feira.

O Governo prevê que o investimento seja o principal motor do crescimento da economia portuguesa até 2022 – a par das exportações –, expandindo-se a uma taxa que triplica, na maioria dos anos, o ritmo de crescimento do produto interno bruto (PIB).

Depois da desaceleração de 2,9 pontos percentuais da formação bruta de capital fixo (FBCF) este ano, face a 2017, para 6,2%, prevê-se que este indicador acelere para 7%, no próximo ano, e para 7,1% em 2020, desacelerando a seguir para 6,4% e terminando em 5,5%, no último ano do período.

O investimento apresenta-se, assim, como a mais dinâmica componente da procura interna, que, por sua vez, sustenta o crescimento económico, já que o contributo da procura externa líquida é sempre negativo, no período em consideração.

No parecer, também divulgado esta sexta-feira, a entidade presidida por Teodora Cardoso aponta que, “no médio prazo, a previsão de crescimento da FBCF afigura-se otimista, aumentando o risco descendente implícito na previsão de crescimento do PIB real”.

As Finanças antevêem que o PIB cresça 2,3% ao ano, entre 2018 e 2020, desacelerando uma décima em 2021 e novamente em 2022, para 2,1%.

Diz o Ministério das Finanças que “a transformação estrutural da economia [portuguesa]” encontrará “expressão no dinamismo das exportações, que deverão registar um aumento de 6,3% em 2018, bem como do investimento, que deverá crescer 6,2%”.

Acrescenta que a aceleração até 2020 (altura em que deverá crescer 7,1%), reflete, “por um lado, a entrada dos fundos estruturais associados ao programa Portugal 2020 e, por outro lado, um maior investimento na expansão da capacidade produtiva da economia”.

As previsões constantes no Programa de Estabilidade para a evolução do investimento são mais otimistas do que as apresentadas por organizações internacionais – Fundo Monetário Internacional (FMI), Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) e Comissão Europeia – e, também, por entidades nacionais – Conselho das Finanças Públicas (CFP) e Banco de Portugal (BdP).

O próprio CFP prevê que a FBCF cresça 0,6 pontos percentuais acima do que prevê o Governo, este ano, mas daqui para a frente projeta uma desaceleração contínua, até chegar a 2,8%, em 2022, numa tendência diferente daquela vista pelas Finanças.

Assim, conclui, primeiro, que “as previsões para 2018 se enquadram num cenário mais provável para a economia portuguesa, tendo em conta a informação mais atual disponível para a conjuntura nacional e internacional”, mas ressalva que, “ainda que enquadradas dentro do limite de previsões prováveis”, as projeções governamentais “contemplam riscos descendentes acrescidos para o crescimento da economia, que são oriundos em particular da previsão da FBCF no médio prazo”.

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