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CGD: Faria de Oliveira confirma que ex-gestores preparam queixa contra auditoria da EY

Queixa de ex-gestores da CGD contra a EY por causa dos alegados erros e incorreções na auditoria de gestão poderá dar entrada na CMVM, confirmou ex-presidente do banco público no Parlamento. Faria de Oliveira já tinha considerado que relatório “enviesado”, “viciado” e “descuidado”. E, diz, que antigos administradores querem “verificação da consistência” da auditoria.
  • Cristina Bernardo
17 Junho 2019, 14h14

O antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Fernando Faria de Oliveira confirmou, no parlamento, que os seus antigos colegas da administração que liderou entre 2008 e 2011 têm a intenção de pedir à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), enquanto supervisora das auditoras para verificar “a consistência” do relatório de auditoria da EY à gestão da Caixa entre 2000 e 2015, que que concluiu por perdas de 1.647 milhões de euros em operações de crédito que acabaram por se revelar ruinosas. Faria de Oliveira tinha já considerado que relatório é enviesado”, “viciado” e “descuidado”.

“Tenho conhecimento que alguns dos meus colegas têm a intenção de, pelo menos, pedirem à CMVM, enquanto supervisora das auditoras, para fazer uma verificação da consistência do relatório de auditoria da EY”, avançou Faria de Oliveira em resposta ao deputado do PS se pretendia impugnar a auditoria da EY, por considerar que é  ilegal.

Durante a sua primeira ida à comissão parlamentar de inquérito, o presidente executivo da CGD entre 2008 e 2011 teceu duras críticas ao relatório da auditora, tendo afirmado que as conclusões do relatório da auditora EY são “grosseiras” e que tem “dezenas de inconsistências e erros, detetados através da simples leitura e análise do documento”

Recorde-se que da equipa de Faria de Oliveira que tomou posse em 2008 fizeram parte Francisco Bandeira, Jorge Tomé, Rodolfo Lavrador, Pedro Cardoso, Norberto Rosa e José Araújo e Silva. As conclusões da auditoria da EY acabaram por ter consequências negativas na avaliação do Banco de Portugal  em novas funções no sector que alguns destes gestores foram convidados e acabaram por não se concretizar. Foi o caso de Pedro Cardoso que esteve na calha para liderar o Bison Bank (antigo Banif BI), Norberto Rosa que acabou por desistir, após convite presidir à comissão de auditoria do BCP e de  Araújo e Silva que afastou-se da administração do EuroBic por sua iniciativa para se precaver de qualquer dissabor do Banco de Portugal.

O ex-presidente da Caixa já tinha sido ouvido a 3 de maio no Parlamento sobre o relatório da auditora EY à gestão da CGD entre 2000 e 2015 que concluiu por perdas de 1.647 milhões de euros em operações de crédito que acabaram por se revelar ruinosas.

Na altura, Fernando Faria de Oliveira disse que é “enviesado”, “viciado” e “descuidado”. O gestor identificou no documento “dezenas de inconsistências e erros”, que considerou “um número muito elevado para um relatório proveniente de uma entidade com credibilidade como a EY, sobre um assunto da máxima seriedade”.

Na lista de inconsistências, faria de Oliveira elencou na altura o facto de a originação dos créditos não estar em várias situações correta, de não haver fundamentação “credível e justificada” quando a EY diz que houve exceções às normas internas da Caixa, entre outras.

Segundo auditoria da EY, foi sob a liderança de Carlos Santos Ferreira (entre 2005 e 2007) – e de Fernando Faria de Oliveira (entre 2008 e 2011) –  que a Caixa cedeu mais empréstimos perante pareceres desfavoráveis da análise de risco ou mesmo sem ter em mãos a posição da Direção de Risco do banco estatal.

CMVM sem poder para avaliar queixa

Três dias após a primeira audição de Faria de Oliveira na nova CPI à gestão da CGD, foi tornado público que antigos administradores da Caixa da equipa de Faria de Oliveira pretendiam avançar com uma participação à CMVM contra a auditora EY. Tudo devido aos alegados erros e incorreções que encontraram na auditoria aos atos de gestão do banco público.

O problema é que a auditoria não está na esfera de supervisão da CMVM, pelo que o regulador não tem autoridade para pedir o relatório para analisar a qualidade do trabalho realiza. Isto porque, quem fez a auditoria aos atos de gestão do banco público no período entre 2000 e 2015 foi a Ernst & Young, SA  e não a Ernst & Young Audit & Associados SROC, SA. – só esta última entidade é que está sujeita às regras aplicadas às auditoras por parte da CMVM.

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