Chega põe em causa aprovação do orçamento regional dos Açores

O presidente do Chega, André Ventura, anunciou nesta quarta-feira que a aprovação do orçamento regional dos Açores, que depende dos seus dois deputados, não será possível caso o governo regional liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro persistir naquilo que descreveu como “a violação grosseira dos princípios” que permitiram o acordo de incidência parlamentar com o PSD na sequência das eleições de 2020. “Estamos perante um cenário delicado”, admitiu o líder partidário.

Dizendo estar “a acompanhar com grande perplexidade” a proposta de orçamento elaborada pelo Governo Regional dos Açores, que resulta de uma coligação entre PSD, CDS e PPM, com apoio parlamentar do Chega e do deputado da Iniciativa Liberal, Ventura lamentou que o documento nada avance em matérias defendidas pelo seu partido, como a luta contra a corrupção, o “fim do compadrio, das influências e das redes familiares”, a “redução da subsidiodependência” e o “aumento da igualdade laboral” na região autónoma.

“Continuamos a ter um governo com um tamanho enorme quando devíamos ter menos secretarias regionais, continuamos a ter falta de verba e total ineficácia nas estruturas de combate à corrupção e propostas pouco visíveis, para não dizer inexistentes, para a diminuição do rendimento social de inserção e da subsidiodependência”, disse o presidente do Chega numa mensagem gravada em vídeo.

Além de sublinhar que “qualquer cenário de instabilidade” nos Açores se deverá ao governo regional, a quem aponta incumprimento dos compromissos que estiveram na base da sua viabilização, afastando o PS do poder na região autónoma pela primeira vez neste século, Ventura suspendeu “quaisquer conversas e negociações” com o PSD-Açores para as próximas eleições autárquicas. “Ou existe um projeto global ou não. O Chega nunca aceitará estar ao lado de estruturas que estejam a fazer parecido, igual ou eventualmente pior do que governos que estiveram décadas a destruir a economia dos Açores e a aumentar a subsidiodependência, as desigualdades e o fosso da corrupção”, disse.