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Chega “promove ativamente o racismo e a xenofobia”. SOS Racismo critica manifestação de sábado

Segundo o SOS Racismo “vários dirigentes do Chega, como o caso de Luís Filipe Graça, Nelson Dias da Silva ou Tiago Monteiro, conhecidos pelas suas participações em movimentos neonazis e pelas ligações a criminosos já condenados pelos tribunais”, estiveram também no desfile.
  • Mário Cruz/Lusa
28 Junho 2020, 19h23

O SOS Racismo acusou hoje o Chega de ser um partido que “promove ativamente o racismo e a xenofobia”, postura contrária à manifestação promovida no sábado pelo líder desta formação, André Ventura, “querendo negar o racismo”.

Em comunicado enviado à Lusa no dia a seguir ao partido liderado pelo deputado André Ventura promover uma manifestação pelas ruas de Lisboa para mostrar que em Portugal não há racismo e de apoio às forças de segurança que reuniu cerca de 1.200 pessoas, o SOS Racismo acrescentou mais nomes aos protagonistas do evento.

“O ajuntamento que ontem [sábado] teve lugar em Lisboa, foi anunciado pelo criminoso Mário Machado e oficializado por André Ventura e pelo Chega. O mote escolhido para o passeio foi “Portugal não é racista”, designação esta que mereceu acolhimento e motivou, precisamente, pessoas que já foram condenadas por crimes de discriminação racial”, refere o comunicado, identificando depois outras presenças.

Segundo o SOS Racismo “vários dirigentes do Chega, como o caso de Luís Filipe Graça, Nelson Dias da Silva ou Tiago Monteiro, conhecidos pelas suas participações em movimentos neonazis e pelas ligações a criminosos já condenados pelos tribunais”, estiveram também no desfile.

“Assim, a iniciativa a que assistimos do Chega, querendo negar o racismo, não deixa dúvidas do seu contrário, de que este é um partido que promove ativamente o racismo e a xenofobia. É deliberada a sua perseguição às comunidades negras e ciganas e é recorrente o seu incitamento ao ódio. O ajuntamento a que assistimos fez prova disso”, resume a nota de imprensa.

Voltando ao líder do partido, considera aquela organização que a “sinalética observada pelo próprio Ventura, de braço bem levantado no ar, seja para afirmar que não há racismo em Portugal ou para confirmar o seu contrário, não deixa dúvidas de inocência sobre a sua real natureza fascista”.

“Alegar que em Portugal não há racismo é, pois, mentir deliberadamente. Esta ideia que André Ventura traduziu em ‘slogan’ replica, infelizmente, declarações de líderes partidários tradicionais que declararam não haver racismo em Portugal em reação à manifestação antirracista de 06 de Junho”, prossegue o documento daquela organização.

Enfatizando que a “verdade não é o forte nem uma preocupação para Ventura ou para o seu Partido”, o SOS Racismo considera, pelo contrário, que “a mentira e a deturpação da realidade são ferramentas bem oleadas da sua estratégia”.

Como exemplo, citou a European Social Survey, cujo último inquérito de 2018/2019 revelou que “62% dos portugueses manifestam racismo, respondendo positivamente a pelo menos uma das seguintes questões: “há grupos étnicos ou raciais por natureza mais inteligentes? há grupos étnicos ou raciais por natureza mais trabalhadores? ou há culturas, por natureza, mais civilizadas que outras?”.

Prosseguindo, o SOS Racismo diz que os promotores da manifestação “falham também claramente perante a recente e tão real e expressiva manifestação do passado dia 06 de Junho de 2020, em que milhares de pessoas tomaram a decisão de sair à rua não só em Lisboa e Porto, mas também em várias outras cidades” e Portugal, apontando “uma grande diferença relativamente ao ajuntamento” verificado no desfile do Chega.

“É que muitas destas pessoas conhecem o racismo na primeira pessoa, no quotidiano das suas vidas e perante isto, não há como negá-lo”, concluiu a comunicação.

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