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Chernobyl como nunca viu e contado por quem o viveu

Um ex-trabalhador diz a série capta, com grande precisão, o clima e as emoções nos momentos que se seguiram à explosão. “A catástrofe é descrita de uma forma bastante poderosa, como uma tragédia global que afetou um grande número de pessoas”, explicou à BBC.
17 Junho 2019, 17h34

Conquistou o público e retrata um evento real que aconteceu em 1986. A série “Chernobyl” da plataforma de streaming HBO tem a avaliação mais alta de um programa de multimédia, com 9,5 estrelas num total de 10 estrelas, com base no site IMDB.

O programa produzido pela HBO e Sky tem cinco episódios e retrata um dos piores desastres nucleares da história mundial: a explosão do reator número quatro da central elétrica de Chernobyl, que se encontrava sob domínio da URSS aquando o acontecimento.

Apesar da série protagonizada pelo ator Stellan Skarsgård parecer real em todos os momentos, em determinados minutos dos cinco episódios há momentos que foram criados por Craig Mazin.

Oleksiy Breus trabalhou na central elétrica, nomeadamente, na sala de controlo do reator quatro quando se deu a explosão, a 4 de abril de 1986. O ex-trabalhador revelou à “BBC” ucraniana que quando se deu a explosão, uma nuvem de material radioativo atingiu outras partes da União Soviético, com grande destaque para a Rússia e Bielorrússia.

“Quando vi o que estava a acontecer, fiquei surpreendido por eles terem nos levarem até lá. O reator parecia tão danificado que não havia nada a fazer”, disse Breus a esta estação televisiva.

De acordo com o ex-trabalhador, a série capta com grande precisão o clima e as emoções nos momentos que se seguiram à explosão que matou 31 pessoas e outros milhares devido à exposição permanente a que foram alvos. “A catástrofe é descrita de uma forma bastante poderosa, como uma tragédia global que afetou um grande número de pessoas”, explicou.

No entanto, Breus critica como o criador da aclamada série retratou Viktor Bryukhanov, diretor de Chernobyl, retratado por Con O’Neill, o engenheiro-chefe Nikolai Fomin, retratado por Adrian Rawlins, e o engenheiro-chefe adjunto Anatoly Dyatlov, protagonizado por Paul Ritter. “As personagens estão distorcidas e deturpadas, como se fossem vilões. Eles não eram assim”, afirma.

Falando de Dyatlov, Breus revela que “os trabalhadores tinham medo dele. Mas, por mais rigoroso que fosse, ele era um profissional de alto nível”, sublinhou. Em julho de 1987, os três homens foram considerados culpados de violação dos regulamentos de segurança, criando as condições que levaram à explosão na central.

Apesar de muitas situações retratadas não serem bem verdade e de algumas personagens serem apenas uma homenagem aos cientistas, o antigo operário elogiou a forma como a série mostrou os efeitos que as vítimas sofreram. “Muitas pessoas falaram sobre a exposição à radiação, pele vermelha, queimaduras de radiação e queimaduras de vapor, mas nunca tinham sido mostradas assim”.

Apesar de Breus assumir alguns estereótipos na série, o desastre afetou mais de 3,5 milhões de pessoas. Devido à radiação mais de cinco mil pessoas foram diagnosticadas com cancro, apesar da maioria se encontrar curada, segundo a ONU.

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