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Chile: fim-de-semana de eleições vai mudar a face do país

Os chilenos vão eleger uma nova assembleia constituinte que terá por função redigir um novo texto constitucional. Os governadores das 16 províncias passam pela primeira vez a ser eleitos pela população.
16 Maio 2021, 17h17

Pela primeira vez, os chilenos vão este domingo às urnas para escolherem democraticamente os governadores das 16 regiões do país, incluindo Santiago do Chile, onde vivem sete dos 18 milhões de habitantes do país sul-americano. Mas não só: elege também um parlamento de 155 lugares que vai redigir uma nova Constituição para substituir a atual, em vigor desde a ditadura de Augusto Pinochet.

Este tipo de votação é inédita no país: em 200 anos de independência, o Chile teve três Cartas Magnas (1833, 1925 e 1980), mas nenhuma foi redigida por uma câmara eleita pelo voto popular.

Desde o século XIX que o centralismo prevalece no Chile. No início dos anos 90, com a democracia recentemente recuperada após a ditadura de Pinochet, foi promulgada uma lei que instituiu a figura do governador regional, que atualmente tem duas funções: representar o Presidente da República em cada uma das 16 regiões do país – é o presidente que o nomeia – e presidir ao governo regional autónomo. O governador regional passa agora a ser eleito diretamente, continuando a existir a figura do delegado presidencial. Se os governadores não conseguirem 50% dos votos este final de semana, haverá uma segunda volta a 13 de junho.

A assembleia constituinte terá 17 lugares reservados aos povos indígenas e será composta por igual número de homens e mulheres – algo inédito no mundo. Com 78,2% dos votos, o Chile decidiu em 25 de outubro, num referendo histórico, substituir a atual Constituição

Os partidos de direita que compõem a coligação governista ‘Chile Vamos’ vão às eleições unidos, ao contrário da oposição de esquerda – que não conseguiu chegar a um acordo. Há também uma forte presença de candidatos independentes.

Com as poucas sondagens disponíveis a serem pouco esclarecedoras sobre o desfecho das várias eleições do fim-de-semana, está tudo em aberto e os comentadores são contidos sobre qual dos blocos poderá ganhar a supremacia na nova assembleia.

A participação popular nas urnas, que não ultrapassou os 50% desde que o voto deixou de ser obrigatório (2012), é o grande desafio do processo constituinte – que foi previsto para diminuir a tensão interna após os tumultos de 2019, de que resultaram cerca de 30 mortos e milhares de feridos.

As eleições, que estavam previstas para abril mas foram adiadas por causa da pandemia, acontecem em um momento em que o Chile inicia um processo de desconfinamento após uma forte segunda vaga de Covid-19. Cerca de 50% da população já recebeu a vacina contra o novo coronavírus.

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