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China é o próximo centro nevrálgico da indústria farmacêutica

Até 2030, o país pode tornar-se o maior mercado do planeta, à frente dos Estados Unidos. Para já, vale ‘só’ 110 mil milhões de euros. Mas a intenção é a de colocar a indústria chinesa na linha da frente.
  • Danish Siddiqui/Reuters
13 Novembro 2018, 07h40

Todas as maiores empresas mundiais do setor farmacêutico responderam positivamente ao apelo do governo chinês para que participassem na Exposição Internacional de Importações de Xangai: não era possível responder ‘não’ ao apelo de um mercado que já consome mais de 110 mil milhões de euros por ano em medicamentos e outros produtos industriais – e que se prepara para, possivelmente já em 2030, passar a ser o maior consumidor mundial.

AstraZeneca, Roche, Bayer, Novartis e Sanofi são apenas alguns dos gigantes internacionais que estão em Xangai, à procura de conhecerem melhor aquele mercado, que está apenas atrás dos Estados Unidos na lista dos consumidores.

Com este pedido de participação, a China quis demonstrar que a guerra comercial que os Estados Unido lhe estão a mover não impressiona. Não impressiona não só as autoridades chinesas, como também não impressiona os gigantes globais que não podem sobreviver sem um mercado com tão forte capacidade de crescimento.

Mas este tipo de convites da China pode ser sempre uma espécie de ‘presente envenenado’: é que as autoridades do país não escondem que, com o aumento do consumo, estão interessadas a ter uma palavra a dizer – não apenas como consumidores, mas também como produtores.

Tem sido está, aliás, a forma de crescimento da economia chinesa: pouco tempo depois de sinalizar o interesse por determinado setor, o poder político – que está sentado em cima de um cofre extremamente recheado – trata de fazer avançar as suas empresas sobre as empresas que possam de algum modo servir para ‘furar’ entre os gigantes internacionais.

E como estas empresas – apesar das alterações introduzidas nos anos mais recentes – não têm propriamente no topo das preocupações remunerarem anualmente os seus acionistas, podem ser suficientemente pacientes para esperarem que o modo ocidental de fazer negócio acabe por ceder às pretensões do Império do Meio.

Uma das empresas que pode estar próxima de pretender agregar novos acionistas ao seu elenco é a Bayer – que, segundo os analistas, desde que comprou a Monsanto, está a passar por graves dificuldades.

Mas, para além disso, a China pretende criar os seus próprios gigantes. Como parte do plano de ‘Made in China 2025’, Pequim quer pelo menos uma centena de chineses empresas farmacêuticas para exportar medicamentos nos principais mercados em todo o mundo, atingindo uma produção com padrão internacional em 2020.

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