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Chuva na encruzilhada de Wall Street

Para já, a pressão compradora não passou de um movimento técnico de ‘rebound’.
30 Março 2020, 14h55

Depois de uma das melhores semanas nos índices norte-americanos, que sucedeu a uma das piores de sempre, Wall Street  encontra-se, no início deste novo período de cinco dias de negociação, numa verdadeira encruzilhada de sentimentos.
A cautela continua a ser a palavra de ordem, dado que a volatilidade deverá manter-se como dominante perante as incertezas que rodeiam o mercado, seja na esfera económica, seja na área da saúde, com o agravamento de situações de pandemia em diversos países, nomeadamente nos EUA, que têm agora o maior número de casos a nível global ou na Europa, onde Espanha e Itália continuam a ser fustigadas com centenas de vítimas diárias devido à Covid-19.
Isto para dizer que, não obstante a recuperação da semana passada, para já a pressão compradora não passou de um movimento técnico de ‘rebound’, visto que os indicadores estavam, de certa forma, sobre-vendidos, mesmo ao nível da análise de médio prazo.
A aprovação no Congresso, e posterior assinatura de Trump do pacote de dois biliões de dólares (EUA) para a maior economia do mundo, foi um dado importante para dar algum suporte ao sentimento, contudo, não só isso já está reflectido nos preços do mercado, como a chuva de más notícias sobre a economia norte-americana em geral e as empresas em particular só agora começou, sendo de realçar os non-farm payrolls que vão sair na sexta-feira e que darão uma perspectiva sobre o impacto inicial das consequências económicas da pandemia no mercado de trabalho, o sector que vinha a segurar o bull market em Wall Street.
Ou seja, as próximas duas semanas continuarão a ser de bastante incerteza, com as notícias positivas a revelarem-se um oásis no enorme deserto do ruído, uma vez que segundo uma sondagem do S&P 500, cerca de 79% das empresas que compõem o índice estão a ser afectadas pela pandemia e respectivas medidas para a conter.
A nível internacional, a China prepara-se agora para receber o segundo embate negativo da epidemia devido à redução da procura por parte dos seus maiores clientes, a braços com fortes contracções na actividade económica. Na Índia, a situação tem sido e será desafiante, dada a quarentena imposta a nível nacional, que forçou as grandes empresas de consultoria a passar a maior parte dos seus trabalhadores para teletrabalho. Falamos de gigantes como a Tata Consultancy e a Infosys, que por sua vez são fundamentais para assegurar a continuidade das operações de muitas das maiores empresas a nível global.
No mercado cambial,  o dólar americano recupera algum terreno após vários dias de queda, amealhando hoje 0,7% contra um cabaz de outras moedas principais, o que empurra o euro para uma perda de -0.8%, cotando nos $1,1048, ao passo que o yen se mantém estável.
Já nas matérias-primas, o crude volta ao vermelho carregado com uma desvalorização superior a -5% no WTI para os $20,39 por barril, o que poderá colocar pressão no importante sector energético dos índices norte-americanos.
O gráfico de hoje é do EUR/USD, o time-frame é semanal.
Depois de uma tendência descendente estável, o principal par de moedas tem atravessado umas semanas de volatilidade extrema, contudo o sentido bearish mantém-se, pelo menos até ser quebrada a linha superior do canal.
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