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Cientistas portugueses desenvolvem embalagens comestíveis como alternativa ao plástico

As embalagens comestíveis são filmes obtidos a partir de resíduos de diferentes alimentos, nomeadamente cascas de batata e de marmelo, fruta fora das características padronizadas e cascas de crustáceos, que, além de revestirem os alimentos, prolongando a sua vida útil na prateleira do supermercado e também podem ser ingeridos.
  • Noel Guevara/Greenpeace
26 Abril 2021, 11h07

Uma equipa da Universidade de Coimbra (UC), com a colaboração da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), desenvolveu um conjunto de embalagens comestíveis a partir de diferentes resíduos do sector agroalimentar e da pesca, com o objetivo de apresentar uma alternativa sustentável ao plástico.

As embalagens comestíveis são filmes obtidos a partir de resíduos de diferentes alimentos, nomeadamente cascas de batata e de marmelo, fruta fora das características padronizadas e cascas de crustáceos, que, além de revestirem os alimentos, prolongando a sua vida útil na prateleira do supermercado e também podem ser ingeridos.

As embalagens desenvolvidas pelas investigadoras Marisa Gaspar, Mara Braga e Patrícia Almeida Coimbra, do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), foram pensadas essencialmente para “revestir frutas, legumes e queijos”, incorporando na sua matriz compostos bioativos/nutracêuticos, tais como antioxidantes e probióticos, com potenciais efeitos benéficos para a saúde.

Além das embalagens se apresentarem como uma alternativa sustentável, será também possível cozinhar certos alimentos como brócolos ou espargos sem ser necessário retirar a embalagem, uma vez que a película que os envolve é composta por nutrientes naturais com “benefícios para a saúde”.

“Produzimos composições diferenciadas de filmes, usando os resíduos quase integralmente, que contêm compostos com propriedades diferentes. Por exemplo, a casca de batata tem mais amido e a casca de marmelo mais pectina, ou seja, temos dois materiais poliméricos estruturais que, combinados, vão gerar um filme simples, sem processamentos complexos”, explicam Marisa Gaspar, Mara Braga e Patrícia Almeida Coimbra.

Marisa Gaspar, Mara Braga e Patrícia Almeida Coimbra consideram que o maior desafio foi “encontrar os materiais ideais para que as formulações tenham as características desejadas”. As três investigadoras da FCTUC acrescentam que a solução proposta “pode ser muito vantajosa tanto para indústria como para o consumidor. É uma abordagem centrada na economia circular. Não só aumenta a vida útil do produto na prateleira, como também evita o desperdício, reduz a produção de lixo plástico, um grave problema ambiental, e gera um novo produto que confere um adicional nutritivo ao alimento”.

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