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Cientistas questionam a necessidade de doses de reforço da vacina contra o Covid-19

Alguns desses cientistas expressaram preocupação com as expectativas do público em torno das doses de reforço da vacina contra a Covid-19 estão a ser definidas por executivos farmacêuticos, em vez de especialistas em saúde, embora muitos concordem que a preparação para tal necessidade como precaução seja “prudente”.
13 Maio 2021, 12h23

Os cientistas responsáveis pela criação da vacina contra a Covid-19 reforçam cada vez mais a ideia de que o mundo vai precisar de doses adicionais, possivelmente anuais, da injeção que previne o desenvolvimento de sintomas mais graves do novo coronavírus.

Por outro lado, existem cientistas que questionam essa necessidade citando “evidências crescentes” de que a primeira ronda de vacinações a decorrer atualmente oferece uma proteção duradoura e eficaz contra o vírus e as suas variantes mais preocupantes, segundo conta a agência “Reuters” esta quinta-feira, 13 de maio.

Alguns desses cientistas mostram-se preocupados com as expectativas do público em relação às doses de reforço da vacina contra a Covid-19 estão a ser definidas por executivos farmacêuticos, em vez de especialistas em saúde, embora muitos concordem que a preparação para tal necessidade como precaução seja “prudente”.

Os cientistas temem que um impulso das nações mais ricas para repetir a vacinação já este ano aprofunde a divisão com os países mais pobres que estão a lutar para comprar vacinas e podem levar anos para inocular os seus cidadãos, pelo menos uma vez.

“Ainda não vemos os dados que ajudariam a tomar uma decisão sobre a necessidade ou não de doses de reforço”, disse Kate O’Brien, diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O’Brien disse que a OMS está a formar um painel de especialistas para avaliar todas as variantes e os dados de eficácia da vacina e recomendar mudanças nos programas de vacinação conforme necessário.

O presidente-executivo da Pfizer, Albert Bourla, disse que “provavelmente” as pessoas vão precisar de uma dose de reforço da vacina da empresa a cada 12 meses – semelhante a uma vacina anual contra a gripe – para manter altos níveis de imunidade contra o vírus SARS-CoV-2 original e as suas variantes.

“Há zero, e quero dizer zero, evidências que sugerem que esse é o caso”, rebateu o Dr. Tom Frieden, ex-diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. “É totalmente inapropriado dizer que provavelmente precisaremos de um reforço anual, porque não temos ideia de qual é a probabilidade disso”, disse Frieden, que lidera agora a iniciativa global de saúde pública ‘Resolve to Save Lives’, sobre as afirmações da Pfizer.

A Pfizer, respondendo às críticas, disse que espera a necessidade de reforços enquanto o vírus ainda está a circular. Isso pode mudar quando e se a pandemia estiver sob controlo, disse uma porta-voz da empresa.

Por sua vez, o presidente executivo da Moderna, Stephane Bancel, pretende produzir uma vacina até ao outono que atinja uma variante identificada pela primeira vez na África do Sul e espera que reforços regulares sejam necessários.

Os Estados Unidos estão a preparar-se para ter essas doses disponíveis para os norte-americanos, enquanto a União Europeia, o Reino Unido e Israel pediram novos fornecimentos de vacinas contra o Covid-19 para armazenar como reforços de proteção.

Alguns especialistas em saúde, incluindo Richard Hatchett, executivo-chefe da ‘Coalition for Epidemic Preparedness Innovations’ (CEPI), que financiou muitos projetos de vacinas, dizem que os fabricantes de vacinas estão certos em planear os reforços, dada a incerteza sobre o que será necessário a longo prazo.

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