[weglot_switcher]

Cimeira Brdo-Brijuni: Eslovénia aproxima Balcãs da União Europeia

O Estado que será o próximo presidente do Conselho da União em substituição de Portugal, a Eslovénia, participou no conclave, depois de já ter informado que a integração dos Balcãs é um dos pontos centrais do seu programa. O país vai organizar uma Cimeira EU-Balcãs Ocidentais.
19 Maio 2021, 07h20

A Cimeira de Brdo, Estado da Eslovénia, foi palco de um encontro entre os países que compõem o chamado Processo de Brdo-Brijuni (que reúne os países dos Balcãs Ocidentais, Croácia e Eslovénia, grosso modo a antiga Jugoslávia), no final da qual foi aprovada uma declaração confirmando o seu compromisso com a União Europeia.

A declaração final da Cimeira (que acabou esta segunda-feira) afirmava a sua confiança na possibilidade de a União Europeia agregar os países envolvidos no seio da sua estratégia comum e defendia a aceleração do processo de integração, incluindo a abertura de conversações de adesão com a Albânia e a Macedónia do Norte o mais rapidamente possível.

Os líderes presentes congratulam-se também com a intenção da Eslovénia de realizar uma Cimeira União Europeia-Balcãs Ocidentais durante a sua presidência do Conselho – cimeira essa que esteve prevista mais de uma vez mas que acabou sempre por ser adiada, a última vez das quais por causa da pandemia.

Mas os jornais presentes na cimeira relatam que o documento conjunto enfrentou divergências antes de ser aprovado. “Havia certas disputas, mal-entendidos. Digamos que a agenda do presidente do Kosovo, Vjosa Osmani, é um pouco mais ambiciosa e que, devido à oposição da Sérvia, algumas partes tiveram que ser reduzidas. Vejo isso como um preço completamente aceitável para um documento que é bom ”, disse o presidente da Croácia, Zoran Milanovic.

O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, afirmou que a proposta do seu país, na qual os países apoiariam o princípio de não alterarem as suas fronteiras, “de acordo com a Resolução das Nações Unidas”, não foi aceite. Vucic disse que havia proposto esta emenda à declaração, mas que foi rejeitada. O motivo é claro: a adoção daquela frase implicava que o Kosovo fosse visto como uma parte da Sérvia.

Fica assim evidente que o maior problema do agregado – ou um dos maiores – continua a ser as péssimas relações institucionais entre o Kosovo (que impos a sua independência de forma unilateral em 2008) e a Sérvia (que nunca a aceitou). A União Europeia tem chamado a atenção para que os países envolvidos têm que resolver os seus problemas territoriais antes de ‘sonharem’ em entrar no espaço comum, mas, dez anos depois (o Processo de Brdo-Brijuni comemorou dez anos nesta Cimeira), os conflitos permanecem.

“Nós, os líderes do Processo Brdo-Brijuni, defendemos uma visão estratégica comum da Europa, inteira, livre e em paz. Afirmamos o nosso compromisso com a paz e a estabilidade, incluindo relações de boa vizinhança”, diz a declaração aprovada – que sublinha que os Balcãs Ocidentais fazem parte da Europa e que, sem ela, a integração europeia não terminou.

“Com a adesão à União Europeia, as fronteiras entre os Estados-membros tornam-se menos significativas, o que proporciona um espaço mais amplo para a coexistência de uma pluralidade de identidades nacionais”, afirma o documento, na tentativa de encontrar uma fórmula que permita um improvável desanuviamento.

Além dos presidentes da Eslovénia, Croácia, Kosovo e Sérvia, a Cimeira incluiu os seus homólogos da Albânia e da Macedônia do Norte (Ilir Meta e Stevo Pendarovski, respetivamente), bem como os membros da presidência da Bósnia/Herzegovina.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.