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Cimeira da NATO: Erdogan enfrenta os Estados Unidos

Uma intervenção do Presidente turco na cimeira foi conduzida de forma a que ficasse claro que as atividades externas dos Estados Unidos, nomeadamente no que tem a ver com a Síria, não s~~ao dignas de um parceiro da aliança
  • Recep Tayyip Erdogan
14 Junho 2021, 18h00

O presidente Recep Tayyip Erdogan afirmou esta segunda-feira que a Turquia foi deixada sozinha pelos seus aliados e parceiros na luta contra o terrorismo e sublinhou que o terrorismo é um dos maiores obstáculos à estabilidade mundial. Falando numa mensagem de vídeo enviada à sessão da cimeira da NATO, Erdogan mais uma vez reiterou que a Turquia lutou com o Daesh da forma mais eficaz: Ancara eliminou cerca de quatro mil terroristas nas suas operações transfronteiriças.

Em causa está – como está sempre no discurso do presidente turco, a questão curda: “Testemunhámos que líderes terroristas que têm o sangue de pessoas inocentes nas mãos foram apoiados e abordados ao mais alto nível como se fossem atores legais na Síria, Iraque e Turquia”, afirmou, referindo-se principalmente aos Estados Unidos, que apoiaram os curdos na guerra síria, nomeadamente as organizações PKK e YPG (ambas de raiz curda), que representa uma ameaça à segurança nacional da Turquia, segundo Ancara.

Os Estados Unidos fizeram parceria principalmente com o YPG no nordeste da Síria na luta contra o grupo terrorista Daesh – com os curdos, aliás, a conseguirem uma posição de destaque na luta contra os Estado Islâmico.

Segundo o regime turco, e sob o pretexto de combaterem o Daesh, os Estados Unidos forneceram treino militar e armamento ao YPG, apesar das preocupações de segurança de um seu aliado da NATO. Sublinhando que não se pode apoiar um grupo terrorista para derrotar outro, a Turquia conduziu as suas próprias operações de contra-terrorismo.

Erdogan comprometeu-se a contribuir para a paz e a estabilidade globais com “a sua economia dinâmica, forte indústria de defesa e política externa baseada em princípios”. “Não se deve esquecer que as fronteiras da Turquia são as fronteiras da NATO. Por isso, estamos cientes da nossa importante responsabilidade não só pelos nossos próprios interesses nacionais, mas também pela segurança e estabilidade da área transatlântica”, enfatizou.

Joe Biden levou quatro meses para atender telefonemas de Recep Erdogan desde que a sua eleição como Presidente dos Estados Unidos foi confirmada, um sinal do péssimo estado das relações entre os dois países, outrora aliados próximos. Finalmente, foi o norte-americano que ligou ao seu homólogo turco em 23 de abril, para o informar de que no dia seguinte reconheceria o genocídio arménio às mãos do Império Otomano em 1915, algo que nenhum presidente norte-americano havia feito até então.

Para amenizar as más notícias, Biden prometeu a Erdogan que os dois se encontrariam em particular durante a cimeira da NATO, mas o mal-estar entre os dois antigos aliados mantém-se

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