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Clusters em alta abrem novos caminhos nas exportações

Agroalimentar: 6,6 mil milhões em vendas estrangeiro   As exportações do setor agroalimentar português deverão ter ascendido a cerca de 6,6 mil milhões de euros no ano passado, segundo declarações recentes do secretário de Estado da Agricultura, Luís Medeiros Vieira. Marcando presença em dois salões internacionais de grande envergadura para esta fileira a nível global […]
  • Cristina Bernardo
15 Novembro 2018, 21h50

Agroalimentar: 6,6 mil milhões em vendas estrangeiro

 

As exportações do setor agroalimentar português deverão ter ascendido a cerca de 6,6 mil milhões de euros no ano passado, segundo declarações recentes do secretário de Estado da Agricultura, Luís Medeiros Vieira. Marcando presença em dois salões internacionais de grande envergadura para esta fileira a nível global – o SIAL – Salon International de l’Alimentation, em Paris, de 21 a 25 de outubro; e a Fruit Fresh, em Madrid, de 23 a 25 de outubro – Luís Medeiros Vieira acrescentou que as exportações do setor agroalimentar nacional tem vindo a crescer a uma razão média de 6%, 7% ao ano nos últimos anos. “O setor agroalimentar é um setor que mostra uma grande dinâmica e que se tem afirmado nos últimos anos, com taxas de crescimento de exportações à volta de 8% em 2017”, sublinhou este responsável. O objetivo dos últinos governos portugueses, incluindo o presente, é equilibrar a balança comercial neste setor, tradicionalmente deficitária para o nosso país. E, para issso, é imprescindível que este setor creça acima da economia nacional, como tem ocorrido. “Ainda temos um défice no agroalimentar na ordem dos três mil milhões de euros, mas temos vindo a reduzir esse défice ao longo das últimas décadas”, relembrou Luís Medeiros Vieira na segunda quinzena de outubro. E o que é que Portugal está a conseguir exportar cada vez mais no setor agroalimentar? Frutas (incluindo o tomate) e legumes. Mas também azeite e vinho. E frutos secos, beneficiando do impacto do regadio proporcionado pela barragem do Alqueva. E carnes e derivados. Para continuar neste ritmo de crescimento das exportações, os produtores e intervenientes principais desta fileira pretendem que o Governo português continue a abrir portas em mercados externos. O mercado da UE continua a ser o grande destino, mas há novos e promissores horizontes a descobrir. Há cerca de duas semanas, o gigantesco mercado da Índia autorizou a entrada de frutas e legumes portugueses. O México está aberto à generalidade dos produtos agroalimentares nacionais desde há pouco tempo. Agora, o  objetivo é que se abram as portas a outros produtos  na Índia. E que se consiga desbloquear as fechaduras de um dos maiores mercados mundiais, a China.

 

Construção: setor aposta em África e na América Latina

 

O setor nacional da construção tem vivido altos e baixos nos últimos anos no que respeita a exportações. Segundo os últimos dados, fornecidos pela CPCI – Confederação Portuguesa da construção e do Imobiliário, a que o Jornal Económico teve acesso, ainda antes do eclodir da crise interna, com uma grande retração de obras públicas, as empresas nacionais do setor voltaram-se para os mercados externos. Em 2016, as exportações da construção portuguesa cresceram 58,9%. Mais um grande pulo em 2007, 45,3%, seguido de nova progressão nas frentes externas em 2008, com uma subida de exportações de 49,2%.Depois disso, registaram-se quebras em 2009 (ligeira, de 1,3%), e em 2010 (maior, de 12,2%). Em 2011, regressa um novo ciclo de recuperação, com uma subida de 11,7%. Os anos de 2012 (mais 20,4%), de 2013 (mais 7%) e de 2014 (mais 6%) confirmaram essa tendência positiva. Mas as quebras de exportações da construção nacional voltaram a ocorrer em 2015 (menos 7,4%) e em 2016 (menos de 13,9%). De lá para cá, ainda não existem dados públicos e consolidados sobre este tema.

A retração do mercado angolano pode ser uma explicação para última tendência descendente. Assim, como a grave crise que vive a Venezuela. De acordo com os mesmos dados da Fepicop, o peso dos novos contratos de construtores portuguesas em mercados exteriores revela que Angola valeu 33% do valor de adjudicações, ou seja, um terço do total das exportações do setor.

Aliás, África e América Latina, são os grandes ‘drivers’ desta realidade económica e empresarial. Senão, vejamos: em África, Argélia contou com 17% das exportações da construção lusa; Moçambique respondeu por 6%, Malawi angariou 5% e a África do Sul mais 2%. Na América Latina, o Brasil foi responsável por 8% das exportações portuguesas de construção no período em análise, seguido da Colômbia (7%), Venezuela (3%) e Peru (3%). O único grande país destino das nossas exportações do setor da construção nos últimos anos fora destes dois continentes é a Polónia, com uma carteira de contratos que valeu 4% do total.

 

Automóvel: Atingidos máximos na produção e nos componentes

 

2018 é um ano de máximos na indústria automóvel. A produção de carros vai atingir as 310 mil unidades, um recorde absoluto. Até 2020, as projeções indicam que será atingido as 350 unidades produzidas, ou seja, o máximo que a capacidade instalada permite. Daqui para a frente só com novas fábricas será possível bater este número. Os números são da ACAP e compilados pelo cluster Mobinov. A realidade futura com a condução autónoma pode ditar grandes alterações na indústria no médio prazo. Mais de 98% da produção de quatro grandes fábricas (Autoeuropa, Mitsubishi Fuso, PSA e Toyota Caetano) destinam-se à exportação. O objetivo de 2020 duplica a produção de 2017 e que foi de 175 mil unidades, frisou ao JE o secretário-geral do Mobinov, Fernando Machado. A nível de mão-de-obra os números também são impressionantes com mais de 8200 postos de trabalhos novos gerados nos últimos cinco anos e até 2020, a fileira deve vir a precisar de mais 7800 colaboradores especializados, avançou o cluster Mobinov citado pela imprensa. Mas a indústria vai fechar o ano ainda com outros máximos. A indústria dos componentes chegou aos 10 mil milhões de euros (2017, Mobinov), sendo que 8,5 mil milhões de euros são exportações. Um estudo da Deloitte releva aos quase 6% do PIB. Este setor significa cerca de 14% das exportações nacionais em bens transacionáveis até agosto. Os dados são da AFIA – Associação dos Fabricantes para a Indústria Automóvel. A indústria portuguesa está a ganhar quota de mercado com crescimento em termos homólogos de 8% em agosto e com um volume de exportações de 5.459 milhões de euros. Na média dos países europeus o crescimento dos componentes auto é de 2,5%. Em Portugal os componentes envolve indústrias tão díspares como os moldes, plásticos, metalomecânica, ferramentas, têxtil ou tecnologia elétrica e eletrónica. O setor emprega cerca de 55 mil pessoas. Ainda nos componentes o mercado problemático é o Reino Unido que vale 12% das vendas e caiu 11,9% (agosto). O efeito Brexit está a sentir-se mas os industriais estão confortáveis com o crescimento de 13% da Alemanha, para os 1152 milhões de euros e a subida das compras por Espanha com mais 9,8%, ou seja, uma faturação de 1372 milhões de euros.

 

E-Commerce:  identificado o Top5 de mercados com maior potencial

 

O Estudo “Top 20 Principais Economias na área do comércio eletrónico e de maior potencial de adesão aos produtos nacionais”, realizado no âmbito do Projeto Norte Digital da ACEPI – Associação da Economia Digital, feito em conjunto com a especialista em estudos de mercado IDC, revela que o Reino Unido, os EUA, a França, a China, a Espanha e a Alemanha são os países que se destacam no top 20 como os cinco principais mercados alvo e com maior potencial de adesão aos produtos nacionais através do digital. Os restantes destinos são a Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Holanda, Índia, Itália, Japão, Marrocos, Polónia, Suécia, Suíça, Turquia e Rússia, sendo que, no total, os vinte países representam cerca de 80% do PIB e 55% da população mundiais.

Atendendo a que a exportação de bens (excluídos os serviços) em Portugal ultrapassou os 50 mil milhões de euros, o equivalente a 26% do PIB, o estudo pretende aferir o estado da economia digital global, com especial atenção para os mercados que sejam mais relevantes ou tenham maior potencial para as Pequenas e Médias Empresas (PME) portuguesas, bem como ser um instrumento de apoio às empresas que pretendam apostar na economia digital, selecionar, desde logo, os principais mercados alvo.

São ainda identificadas as tipologias de produtos, em particular aqueles associados à indústria de produtos transacionáveis, que vão desde o vestuário, calçado e acessórios, têxteis, mobiliário e decoração, aos produtos alimentares, e que são os produtos mais vendidos online  e cujas receitas representam mais de 15,9 mil milhões de euros (32% do total de exportações de bens).

Nesta análise são tidos em conta domínios como a utilização da internet, o nível de compras online, os meios de pagamento mais utilizados, as condições de distribuição e serviços postais, a utilização de tecnologias nas empresas, a legislação e regulação, a fiscalidade, a maturidade da economia digital, e ainda a exportação de produtos a partir de Portugal.

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