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CNN, NBC, Fox e Facebook recusam publicidade racista de Trump

Vídeo para as eleições de hoje associa um mexicano condenado em 2014 à caravana que avança sobre a fronteira sul dos Estados Unidos e ao alegado laxismo dos democratas em matéria de imigração.
  • Executive Producer and Host of NBC Network’s “The Celebrity Apprentice,” Donald Trump poses for a portrait, on Tuesday, Feb. 26, 2013 in New York. (Photo by Dan Hallman/Invision/AP)
6 Novembro 2018, 09h14

Luis Bracamontes é um mexicano que entrou nos Estados Unidos sem documentação válida e acabou condenado à morte em abril passado pelo assassinato de dois policiais em Sacramento, Califórnia, em 2014. Agora, está prestes a entrar na história contemporânea dos Estados Unidos porque a campanha de Donald Trump para as eleições de hoje usou imagens suas sobre as quais são ditas frases como “os democratas deixaram-no entrar no nosso país” e “os democratas deixaram-no ficar”.

O anúncio também mostra imagens da caravana dos imigrantes sul-americanos que há semanas iniciaram uma viagem para a fronteira sul dos Estados Unidos para pedirem asilo no país, ouvindo-se a frase “os perigosos criminosos ilegais como o assassino da polícia Luis Bracamontes não se preocupam com as nossas leis”.

As redes de televisão CNN, NBC e até mesmo a conservadora Fox News, para além do Facebook, recusaram-se a divulgar o anúncio do presidente por alegado conteúdo racista, uma vez que o vídeo criado pela equipa de campanha do presidente haver uma relação direta entre o criminoso mexicano e a caravana de imigrantes.

Este domingo à noite, a NBC mostrou a publicidade numa sessão comercial do programa ‘Sunday Night Football. Perante a avalanche de críticas imediatamente após ter passado o vídeo. A NBC retirou-o do alinhamento. “Após uma revisão adicional, reconhecemos a natureza insensível do anúncio e decidimos parar de publicitá-lo o mais rapidamente possível”, disse a estação televisiva em comunicado.

As normas internas que permitem que a cadeia televisiva rejeite um anúncio incluem anúncios “extremamente ofensivos (por exemplo, por questões raciais, religiosas ou étnicas)”. Numa primeira análise, a NBC não considerou que fosse o caso, ao contrário da CNN, que se recusou de imediato a abrir espaço para o vídeo. Nesta segunda-feira à tarde, o Facebook também eliminou o anúncio, destinado a utilizadores de importantes territórios eleitorais, como a Flórida e o Arizona.

Trump publicou uma versão curta do anúncio na sua conta no Twitter, onde a acusação contra os democratas não aparecia. O vídeo que o presidente ‘pendurou’ na rede social foi visto por seis milhões e meio de utilizadores e tem quase cem mil ‘likes’. A imigração tem sido um dos temas centrais da campanha republicana, que promete aos seus eleitores tornar os Estados Unidos novamente “um país seguro”.

Quando os jornalistas perguntaram a Trump sobre a controversa campanha, o presidente deu a entender que não sabia de nada, acrescentando que a sua equipa de campanha gerou muitos anúncios “que foram eficazes, de acordo com os números que conhecemos”. Perante a insistência, Trump optou por criticar a imprensa, “o inimigo do povo”, como definiu: “as suas perguntas são muitas vezes ofensivas, por isso… já sabe”.

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