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“Cobardes” e “traidores”. Motoristas revoltam-se com colegas que querem “agradar aos patrões”

“A nossa revolta é porque estes cobardes estão a fazer isto para agradar aos patrões. Isto nem se trata de cumprir os serviços mínimos”, afirmou à agência Lusa um dos motoristas em greve, que se encontrava mais exaltado.
  • Carlos Barroso / Lusa
13 Agosto 2019, 18h16

A saída de camiões cisterna, na tarde de hoje, da Companhia Logística de Combustíveis (CLC), em Aveiras de Cima, no distrito de Lisboa, gerou revolta no piquete de greve ali concentrado, que insultou os motoristas que os conduziam.

“Cobardes” e “traidores” foram algumas das palavras proferidas por um grupo de trabalhadores perante a saída de alguns colegas com os camiões, no segundo dia de greve dos motoristas.

Segundo constatou a Lusa no local, apesar da exaltação dos grevistas, não houve necessidade de escolta policial para os motoristas que conduziam os camiões cisterna.

“Temos muita pena que haja trabalhadores a venderem-se por tão pouco”, avançou outro trabalhador em greve, sem se querer identificar.

Pelas 16:00, estavam concentrados junto à sede da CLC, na localidade de Aveiras de Cima, no concelho da Azambuja, distrito de Lisboa, cerca de duas dezenas de motoristas em greve, que vão passando o tempo a conversar sobre a sua situação.

No local, esteve também o porta-voz do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pardal Henriques, que em declarações aos jornalistas, admitiu que toda esta situação em torno da greve está a desmotivar os trabalhadores.

“Eles sentem-se traídos e é importante manter esta gente motivada”, avançou Pardal Henriques.

Ao fim do primeiro dia de greve de motoristas, o Governo decretou a requisição civil, alegando o incumprimento dos serviços mínimos.

O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Antunes, após uma reunião do executivo por via eletrónica, justificou a medida por o Governo ter constatado que os sindicatos que convocaram a greve dos motoristas de mercadorias e de matérias perigosas “não asseguraram os serviços mínimos”, particularmente no turno da tarde.

A greve que começou na segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

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