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“Coletes amarelos” passam quase despercebidos

Com os locais habituais de manifestação interditos e reforço militar junto às principais instituições francesas, os “coletes amarelos” são ainda em pequeno número na capital e quase invisíveis entre turistas e parisienses.
23 Março 2019, 13h08

Com os locais habituais de manifestação interditos e reforço militar junto às principais instituições francesas, os “coletes amarelos” são ainda em pequeno número na capital e quase invisíveis entre turistas e parisienses.

A manhã na capital francesa é calma, especialmente nos Campos Elísios. Depois da destruição da avenida na semana passada, o dispositivo policial voltou a ser reforçado este sábado com 6.000 polícias na rua, blindados e ainda a presença dos militares da operação antiterrorista “Sentinela” a proteger as principais instituições francesas.

Esta medida coloca algumas questões e debate entre os próprios “coletes amarelos”: “Sabemos que os militares estão do nosso lado, estão aqui em pontos estratégicos para defender as instituições. Mas se eu for ao Eliseu e eles estiverem lá, o que é que acontece? É como se estivéssemos na Coreia do Norte ou na China”, disse Christelle, vestida com colete amarelo e vinda dos arredores de Paris para se manifestar mais uma vez nas ruas da capital, em declarações à agência Lusa.

Christelle esteve na semana passada nos Campos Elísios, afirma ser “pacifista”, mas não tem grandes remorsos em relação à violência mostrada pelo movimento. “Em relação às lojas e às pilhagens, se estão lá nos Campos Elísios é porque têm meios para lá estar. Não quero saber da Hugo Boss, eles já fazem muito dinheiro. Mesmo o Fouquet em cinzas, a mim tanto me faz, as seguradoras vão pagar tudo. O que me preocupa são só as pessoas que trabalham lá e que agora estão no desemprego”, afirmou.

Com interdição de manifestação na principal avenida da capital, os “coletes amarelos” concentram-se esta manhã no Trocadero – em frente à Torre Eiffel -, na praça de Denfert-Rochereau e ainda em Montmartre, com dois cortejos declarados às autoridades francesas.

No entanto, o medo ainda paira entre os habitantes do 8.º bairro onde ficam os Campos Elísios. “Eu só quero paz. Já tivemos fins de semana difíceis. Gostava que o Governo encontrasse uma solução para isto porque já chega. Tenho medo que isto vá até ao verão. […] A economia está a sofrer muito com isto, a imagem da França é catastrófica. Já para não falar do turismo, ninguém quer vir”, contou Jacques, que vive na Avenida Kleber, junto ao Arco do Triunfo à agência Lusa.

A destruição ainda visível nos Campos Elísios desilude também os turistas. Eva e Henreiz vieram de Israel para passar alguns dias em Paris e, apesar de dizerem que tudo correu bem e não sentiram medo, não deixam de levar alguma desilusão como lembrança da cidade. “Eu estou um pouco desiludido. Esperamos ver os Campos Elísios bonitos e só vemos lojas partidas”, lamentou o israelita.

A situação mais tensa em França, até agora, aconteceu em Nice onde os manifestantes se instalaram numa praça interdita aos protestos. A praça foi evacuada e houve alguns momentos de tensão e algumas detenções por parte da polícia. Em Paris, até ao fim da manhã tinham sido detidos 31 “coletes amarelos”.

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