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Com eleições à vista, Macron anuncia medidas duras contra a imigração

Emmanuel Macron assume agora uma postura mais rígida no combate à imigração que assola as ruas de Paris. Críticos comparam novas políticas migratórias aos discursos da extrema-direita, mas Le Pen descarta dizendo que as medidas são ineficazes e com segundas intenções.
  • DR Christophe Archambault / Agência France-Presse – Getty Images
7 Novembro 2019, 11h27

Emmanuel Macron vai avançar com novas medidas para tornar o país menos atrativo para imigrantes ao mesmo tempo que abre a ‘porta das traseiras’ para trabalhadores estrangeiros especializados.

A polícia francesa anunciou, esta quinta-feira, o início de uma operação de evacuação de dois campos de migrantes, onde se encontram entre 600 e 1.200 pessoas, no nordeste de Paris.

Cerca de 600 agentes policiais começaram, a partir das 06:00 (05:00 em Lisboa), a levar migrantes, que viviam em tendas improvisadas, para autocarros de transporte com destino a centros de acolhimento na região parisiense.

Esta operação, numa escala sem precedentes, surge um dia depois de o ministro do Interior francês, Christophe Castaner, ter assumido “o compromisso” de evacuar os campos no nordeste de Paris “até o final do ano”.

“Esta operação foi decidida como parte da implementação do plano” do Governo, declarou o responsável pela polícia de Paris, Didier Lallement, à imprensa.

Com eleições autárquicas a meses de distância, Macron voltou a abordar o tema das políticas migratórias em França, salientado os “abusos” contra o “generoso” sistema da segurança social, mas desta vez assumiu uma posição mais dura em linha com o discurso do partido de extrema-direita de Marie Le Pen.

Entre as novas medidas mais restritivas de Macron surge uma alínea destinada aos solicitantes de asilo informando que terão de aguardar cerca de três meses antes de se poderem qualificar a cuidados de saúde não urgentes.

Além disso, as autoridades anunciaram que os campos informais de migrantes em Paris e arredores seriam limpos até o final do ano, já que o governo enfrenta um problema crescente e visível em muitas cidades francesas.

O governo também anunciou que, a partir do próximo ano, estabeleceria pela primeira vez um sistema de quotas anuais para conceder vistos a imigrantes qualificados que desejassem entrar na França. “Queremos recuperar o controle sobre nossa política de imigração”, disse o primeiro-ministro Édouard Philippe.

Numa entrevista à Rádio França, a dirigente do partido da oposição argumentou que o governo apenas estava a abordar a questão da imigração simplesmente por causa das eleições autárquicas, marcadas para março. Le Pen afirmou que as medidas seriam ineficazes para controlar a imigração ilegal. “[O governo] começou a falar sobre imigração porque acham que basta falar sobre isso para convencer os franceses de que estão a tentar arranjar soluções”, cita o New York Times, esta quinta-feira.

Quase 124 mil imigrantes solicitaram asilo em França no ano passado, um número recorde e um aumento de 23% em relação ao ano anterior. Os pedidos vieram principalmente de países como o Afeganistão, Síria, Sudão e França mas também da Albânia e da Geórgia, dois países que a França diz respeitar os direitos humanos.

Em Paris e outras cidades, grupos de imigrantes, muitas vezes ascendendo as centenas, criaram “cidades de tendas” ou ocupam prédios abandonados para viver. Estima-se que atualmente quase três mil imigrantes morem nas ruas no norte de Paris ou em subúrbios adjacentes.

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