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Comissão de trabalhadores da Altice quer que Governo intervenha e trave despedimento coletivo

“Já solicitamos uma reunião com carácter de urgência ao dr. Pedro Nuno Santos (ministro das Infraestruturas e da Habitação) para pedir a intervenção da tutela contra a destruição de emprego com direitos na Altice Portugal”, lê-se na nota da comissão de trabalhadores enviada aos funcionários da Altice.
23 Junho 2021, 18h16

A comissão de trabalhadores da Altice Portugal pediu uma reunião com carácter de urgência ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, segundo uma nota enviada aos trabalhadores da telecom, esta quarta-feira, a que o Jornal Económico teve acesso. A comissão de trabalhadores quer que o Governo trave o despedimento coletivo de 250 trabalhadores na Altice Portugal.

“Já solicitamos uma reunião com carácter de urgência ao dr. Pedro Nuno Santos (ministro das Infraestruturas e da Habitação) para pedir a intervenção da tutela contra a destruição de emprego com direitos na Altice Portugal”, lê-se.

A comissão de trabalhadores afirma que “os trabalhadores não podem ser armas de arremesso da gestão” da dona da Meo, argumentando que a Altice Portugal ao “avançar com o anúncio de despedimentos coletivos está a declarar guerra às ERCT [estrutura de representação coletiva dos trabalhadores] e aos trabalhadores da empresa”.

Rejeitando os argumentos utilizados pela comissão executiva da Altice Portugal, para justificar o despedimento coletivo, a comissão de trabalhadores relembra que, em 2015, quando o grupo Altice adquiriu os ativos da antiga PT, Armando Pereira, acionista português do grupo, “garantiu que não haveria despedimentos na empresa”. “Agora, seis anos depois somos confrontados com este pesadelo”, lê-se.

Além do pedido de reunião com Pedro Nuno Santos, a comissão de trabalhadores e os sindicatos que compõem a Frente Sindical da Altice Portugal já marcaram uma concentração para o dia 25 de junho (próxima sexta-feira), para protestar contra a decisão da administração do operador de telecomunicações.

No âmbito de um plano integrado de reorganização, justificado pelo “contexto muito adverso” no sector e com “o ambiente regulatório hostil”, a Altice Portugal anunciou na terça-feira que vai avançar com um despedimento coletivo de até 250 funcionários. A empresa acredita, contudo, que o despedimento coletivo afetará apenas cerca de cem funcionários, uma vez que há a possibilidade de fechar acordos de rescisão por mútuo acordo, com indemnizações mais vantajosas. A medida ocorre depois de em março a Altice ter acordado a saída voluntária de cerca de 1.100 pessoas, ao abrigo do Programa Pessoa.

Tal como o Jornal Económico noticiou na manhã desta quarta-feira, a comissão de trabalhadores e os sindicatos da empresa assumiram que foram apanhados de surpresa com a medida, que é a primeira deste cariz no seio das empresas que até 2015 integravam a antiga Portugal Telecom. Também a União de Sindicatos Independentes manifestou repúdio pela decisão da Altice Portugal.

No mesmo dia em que anunciou um despedimento coletivo, a administração da Altice Portugal comprometeu-se a reabrir o diálogo com os sindicatos, tendo em vista a revisão do acordo coletivo de trabalho, abrindo porta ao aumento de salários em todas as empresas do grupo Altice Portugal.

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