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Comissão de trabalhadores da Petrogal acusa Galp de “sustentar distribuição de dividendos em dívida e na venda de ativos”

Acusando a administração da Galp de “insanidade económica”, a CCT diz que a administração da Galp “sustenta a distribuição de dividendos relativos aos exercícios de 2019 e 2020 em dívida e na venda dos ativos da Galp Gás Natural Distribuição, um caminho que ficou comprovado levar à destruição da empresa e ser contrário aos interesses nacionais”.
26 Fevereiro 2021, 18h59

Os resultados apresentados pela administração da Galp, relativos ao ano de 2020, “comprovam um estilo de gestão errática, que não aponta um caminho autónomo de desenvolvimento e sustentação do negócio”, refere a Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal, num comunicado emitido esta sexta-feira, onde acusa a administração da Galp de sustentar a distribuição de dividendos relativos aos exercícios de 2019 e 2020 “em dívida e na venda dos ativos da GGND – Galp Gás Natural Distribuição, um caminho que ficou comprovado levar à destruição da empresa e ser contrário aos interesses nacionais”.

O mesmo comunicado questiona “até quando esta realidade será encoberta e protegida pelo Governo e pelo Presidente da República?”. Contactada, a empresa diz que “apresentou os resultados e disse o que tinha a dizer sobre isso, nessa altura”, comentou a fonte oficial da Galp ao Jornal Económico.

Acusando a administração da Galp de “insanidade económica”, a CCT da Petrogal considera que “a única estratégia identificável na gestão desta administração Amorim reside exclusivamente no governo em função dos dividendos distribuídos aos acionistas, que teve como ponto de partida a Assembleia-Geral de 24 de abril de 2020”, acusa o comunicado. “Tudo o que foi colocado pela CCT, os perigos para os trabalhadores, para a empresa e para o país foram confirmados e parece que o Governo e o Presidente da República são os grandes negacionistas desta realidade”, comenta a CCT.

”A CCT apreciou o relatório de resultados do Grupo e tentou encontrar resposta para a pergunta que qualquer pessoa de bom senso faz, como pode uma empresa/Grupo distribuir mais riqueza que aquela que produz? Uma leitura atenta do documento dá-nos a resposta: a dívida aumentou 631 milhões de euros, correspondendo à duplicação do rácio divida líquida/EBITDA (RCA)”, refere o comunicado da CCT da Petrogal.

“Dividendos suportados em dívida”, acusa CCT da Petrogal

“Querendo isto dizer que os dividendos distribuídos aos acionistas em abril de 2020 foram na íntegra suportados em dívida, o que abriu caminho à descapitalização da empresa”, acusa a CCT da Petrogal. “Relativamente ao exercício de 2020, a questão dos dividendos continua a ter uma centralidade inaceitável e deixa antever, para 2021, a continuação da política de destruição da empresa/Grupo”, adianta o comunicado. Refira-se que o Estado, através da Parpública, detém 7% do capital da Galp.

“Face ao resultado negativo de 42 milhões de euros, a administração afirma que irá distribuir 318 milhões de euros aos acionistas”, alerta a CCT em comunicado, sublinhando que “a administração, em comunicado aos acionistas, anunciou um dividendo relativo ao ano de 2020 de 35 cêntimos por ação, que corresponde a 290,37 milhões de euros”.

“O valor colocado no relatório de resultados e o comunicado não concordam, porque corresponde a mais de metade do dividendo distribuído no ano anterior (que foi de 580,48 milhões de euros – 70 cêntimos/ação no exercício de 2019)”, adianta a CCT, referindo que “deixamos este desencontro à CMVM, para resolver”.

Dividendos de 2020 “sustentados na venda de 75,01% da participação na GGND”, diz CCT

“A administração sustenta a distribuição de dividendos relativos a 2020 na venda de 75,01% da participação da GGND e respetivo encaixe de 368 milhões de euros, no primeiro trimestre deste ano, o que, na prática, corresponde à venda de ativos para alimentar os acionistas”, refere o mesmo comunicado.

“A afirmação de que esta verba serviria para reduzir a dívida líquida do ano de 2020 também não nos parece correta, porque, a manter a distribuição de dividendos, essa dívida apenas transitaria para o exercício de 2021”, considera, adiantando que se “trata de uma prática de gestão profundamente errada e contrária à continuidade e sustentabilidade da empresa”.

“Os resultados operacionais incluem também a ‘Refinação & Midstream’, obtendo resultados operacionais positivos de 113 milhões de euros”, acrescenta o comunicado, sublinhando que “os resultados líquidos refletem as provisões/imparidades feitas pela administração para levar a cabo o crime económico, caso não seja preservada a Refinaria do Porto”, concluindo que “por muito que pintem a manta de negro, as refinarias têm demonstrado ser resilientes a todas as condições adversas de mercado, onde se contam as margens de refinação”.

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