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Comissão Europeia defende novos impostos às grandes empresas para financiar recuperação económica

Hahn salientou que a recuperação económica da UE vai provocar um aumento da dívida e, por isso, para cobrir os 750 mil milhões de euros previstos no plano de recuperação, defende que aplicar novos impostos é a melhor opção para criar novos canais de receita direta para a Comissão Europeia.
1 Junho 2020, 09h48

O comissário do Orçamento da União Europeia (UE), Johannes Hahn, defende que os Estados-membros devem aplicar novos impostos para financiar a recuperação económica do bloco comunitário, de forma a não prejudicar futuros orçamentos. O responsável pelo orçamento da UE considerou, por isso, em entrevista ao Financial Times, que aplicar uma “taxa de acesso” ao mercado único a 70 mil grandes empresas poderia ser uma forma de a Comissão Europeia obter novas fontes de receita direta.

Hahn salientou que a recuperação económica da UE vai provocar um aumento da dívida e, por isso, para cobrir os 750 mil milhões de euros (500 mil milhões a fundo perdido mais 250 mil milhões em nova dívida) previstos no plano de recuperação,defende que aplicar novos impostos é a melhor opção para criar novos canais de receita direta para a Comissão Europeia.

“O que pretendemos, o mais tardar até ao final de 2027, é ter um fluxo constante e funcional de novos recursos próprios para o nosso orçamento”, afirmou o comissário europeu ao Financial Times. Hans propõe, assim, a definição de uma contribuição anual de dez mil milhões de euros, uma verba que seria gerada por novos impostos a 70 mil grandes empresas, cujo o volume de negócios supere os 750 milhões de euros.

Mas por que razão propõe a comissão europeia novos impostos junto das maiores empresas? “Não estamos a financiar dívidas passadas, não estamos a fornecer apoio orçamentário, estamos a levantar verbas no mercado de capitais para investir na recuperação e resiliência de nossos países e empresas”, justificou o político austríaco ao jornal anglo-saxónico.

“Ou seja, a Comissão Europeia para suportar o plano de recuperação de 750 mil milhões de euros terá de ir ao mercado com o seu rating de qualidade máxima – o que se traduz em taxas de juro de quase 0%. Contudo – segundo Hans -, enquanto 250 mil milhões serão canalizados por via de empréstimos aos Estados-membros – cujos empréstimos serão reembolsados -, o resto (os 500 mil milhões de euros, que serão distribuídos através de subsídios) terão de ser suportados por todas as economias. Para o comissário do Orçamento da UE a melhor forma de alcançar esse suporte é através de nova carga fiscal junto das maiores empresas”.

A aplicação de novos impostos às grandes empresas não vai afetar contribuintes singulares, segundo Johannes Hans.

Na última semana, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já tinha apelado aos Estados-membros à criação de “recursos próprios” para assegurar o plano de recuperação económica de 750 mil milhões de euros.

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