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Comissão Europeia e Reino Unido tentam relançar o Brexit

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, vão encontrar-se hoje para reaquecerem o debate sobre o Brexit. Bruxelas tem pressa e não consegue compreender a negligência com que Londres encara o assunto.
15 Junho 2020, 07h59

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, têm agendado para esta segunda-feira um encontro virtual durante o qual pretendem relançar o debate em torno do Brexit. Com a pandemia, os trabalhos acabaram por serem suspensos, depois de uma primeira tentativa de manter as negociações em regime virtual ter-se revelado ineficaz.

Mas a pandemia não é a única responsável pelos atrasos nas negociações. Bruxelas acusa Londres e principalmente Johnson de ter negligenciado as negociações para que as duas partes consigam assinar um acordo comercial de largo espectro. De facto, o governo britânico não tem tido qualquer pressa em encontrar-se com os representantes de Bruxelas nas negociações, como se estivesse mais interessado em chegar ao fim do ano, limite do período de transição, sem assinar qualquer acordo.

Insistindo nessa postura, o governo britânico já disse que não vê qualquer necessidade de aumentar o período de transição de forma a que o hiato imposto pela pandemia possa ser incorporado dentro dos seus limites.

Bruxelas parece estar surpreendido com a postura britânica, uma vez que os 27 continuarão a constituir um importante mercado para a produção britânica – que não poderá contar, que se saiba, com nenhum acordo especial com os Estados Unidos. Sendo o contrário igualmente verdades – o Reino Unido é muito importante para o comércio dos 27 – a União Europeia não descortina a razão da postura de Boris Johnson.

Bruxelas – e principalmente Berlim – têm afirmado que as negociação devem ser retomadas o mais depressa possível (e o mais presencialmente possível) para que o assunto fique encerrado e não seja mais um tema a impor-se na agenda de crise que os líderes dos 27 vão ter de gerir. A pressão de Berlim sucede também porque o Reino Unido é um dos principais clientes da poderosa produção industrial germânica, nomeadamente no que tem a ver com a indústria automóvel.

O que está previsto é que, depois do encontro entre Johnson e von der Leyen, as duas partes regressem às negociações técnicas, que deverão começar a 29 de junho e estender-se por pelo menos cinco semanas. No encontro de hoje estarão também presentes o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli.

A 1 de junho arrancou uma nova ronda de negociações – relativa à futura parceria comercial após a saída do Reino Unido da UE – mas esta terminou no dia 5 sem “progressos significativos”, lamentou o chefe da equipa responsável pela condução das conversações pelo lado europeu, Michel Barnier.

Para além daquele dossiê, a política de pescas é também um tema importante, uma vez que os pescadores dos 27 quererem manter o acesso às águas britânicas – mas Londres não parece muito interessada na parceria – com o setor britânico a clamar ‘independência’ dos seus congéneres continentais.

O Reino Unido abandonou oficialmente a UE no passado dia 31 de janeiro, mas permanece inserido no seu espaço económico e regulatório até ao final do ano, durante o chamado período de transição.

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