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Como Juncker conseguiu vencer a Trump, segundo o antigo economista-chefe do FMI

Simon Johnson elogia a capacidade do presidente da Comissão Europeia de relançar o debate sobre uma espécie de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), um projeto de Obama, suspenso após a tomada de posse de Trump.
30 Julho 2018, 21h26

A reunião entre Jean-Claude Juncker e Donald Trump, na semana passada, resultou num declaração de compromisso de que União Europeia e Estados Unidos vão trabalhar em conjunto numa parceria comercial. O resultado foi surpreendente dado que o presidente dos EUA tinha chamado à UE um “inimigo” um mês, mas segundo o economista Simon Johnon, foi uma vitória europeia.

“A declaração conjunta EUA-UE pareceu representar uma importante mudança de política para a administração Trump. Mas isso não é um triunfo para Trump. Em vez disso, ele parece ter sido superado por competentes diplomatas europeus”, escreveu o antigo economista chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), num artigo de opinião publicado, esta segunda-feira, no Project Syndicate.

Johnson refere que é sempre difícil perceber quando Trump mudou uma política ou quando poderá novamente mudar de ideias. Ainda assim, o economista considera importante que Trump e Juncker tenham anunciado uma promessa de trabalhar “exatamente para o tipo de acordo comercial que o governo Obama estava a negociar com os europeus entre 2013 e o final de 2016”.

Simon Johnson referia-se à Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), cujas negociações estavam em curso enquanto Barack Obama era presidente dos EUA e que foi suspensa após a tomada de posse de Trump.

“Reiniciar a negociação da TTIP é uma grande vitória para a Juncker, em consonância com os objetivos europeus de longa data. Também tornaria muito mais difícil para Trump impor tarifas às importações de carros europeus – e os preços das ações das empresas automobilísticas alemãs aumentaram acentuadamente com as notícias”, referiu o economista norte-americano, acrescentando que “é também notável que Juncker tenha conseguido que Trump enfatizasse o trabalho com a Organização Mundial do Comércio para resolver questões relativas a direitos de propriedade intelectual”.

Na passada quarta-feira, Trump e Juncker anunciaram uma trégua na guerra comercial entre os dois blocos. Os Estados Unidos e a UE chegaram a um “acordo”, segundo o presidente da Comissão Europeia, após uma reunião na Casa Branca, enquanto Trump avançou que as duas partes queriam avançar para “zero taxas alfandegárias” nas trocas industriais, exceção feita ao setor automóvel.

A UE vai aumentar “imediatamente” as suas importações de soja provenientes dos Estados Unidos, disse Trump, que prometeu rever a questão das taxas alfandegárias que os norte-americanos estão a aplicar ao aço e alumínio europeus, anunciando também a criação “imediata” de um grupo de trabalho.

No dia seguinte, o secretário norte-americano do Tesouro, Steven Mnuchin, afirmou que não haverá tarifas para o setor automóvel europeu durante as negociações entre Washington e Bruxelas. Questionado sobre se as tarifas seriam suspensas durante as negociações, Mnuchin respondeu afirmativamente.

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