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Como são vistas as mulheres nas grandes consultoras (aos olhos dos homens)

As ‘BigFour’ acreditam que o sucesso de uma organização está relacionado com a colocação de pessoas com características, sensibilidades, perspetivas e profissões distintas. E Portugal está no bom caminho.
  • Rodeie-se de talento.
10 Março 2018, 16h00

No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher, o Jornal Económico pôs os porta-vozes (do sexo masculino) a falar das suas colegas e da evolução do seu papel numa BigFour. Ernst & Young (EY), Pricewaterhousecoopers (PwC) e KPMG acreditam que o sucesso de uma organização está relacionado com a colocação de pessoas com características, sensibilidades, perspetivas e profissões distintas e que Portugal, bem como as nossas consultoras, estão no bom caminho.

“Num dos estudos que a EY realizou sobre este tema, concluiu-se que as empresas cujos conselhos de administração tinham maior percentagem de mulheres também tinham, em média, maiores níveis de rentabilidade e melhores performances no mercado”, destaca João Alves, country managing partner da EY Portugal.

Tanto board como partnership da EY têm atualmente 20% de mulheres. Segundo João Alves, a evolução na área de consultoria e auditoria na integração das executivas tem sobretudo acompanhado a demografia dos recém-licenciados e a própria aposta das colaboradoras na sua realização profissional.

“Num mundo em que a informação flui de forma cada vez mais rápida, não aplicar este princípio resultará em dificuldade na atração de talento e, finalmente, em perda de competitividade”, refere, sublinhando iniciativas como o Women.Fast Forward e Women@EY. Para o country managing partner, as empresas e cidadãos devem mobilizar-se. “Acredito que isso já está a acontecer em Portugal”, assegura.

Nos últimos três anos, a PwC atingiu a igualdade em novas admissões a partner (mesmo número de mulheres e de homens admitidos). A consultora tem duas sócias na equipa de gestão, o Extended Territory Leadership Team, e oito sócias na PwC, o que representa 25% do total.

“Com o passar do tempo, o tema da igualdade de género deixará de ser um assunto dentro deste tipo de organizações e acontecerá de forma natural. Sou, por natureza, um otimista. Antecipo uma evolução positiva. Irá demorar algum tempo até chegarmos a uma posição próxima dos 50%, mas iremos aproximar-nos significativamente”, garante Paulo Ribeiro, partner e diversity leader da PwC Portugal.

Na sua opinião, para as empresas que prestam serviços de consultoria nas áreas de executive search, gestão de talento, gestão da mudança e similares, a Lei 106/XIII gera novas oportunidades de negócio para apoiar as entidades nesse processo de transição.

“As profissões mais ligadas às áreas de sistemas de informação, engenharia e matemática, por exemplo, vão demorar mais tempo, até termos um maior equilíbrio e maior representatividade das mulheres. São áreas que carecem de mais atenção e de medidas concretas para acelerar este processo”, explica Paulo Ribeiro. No entanto, o responsável da PwC acredita que o trabalho da sua consultora, a legislação que diversos países têm aprovado para acelerar o processo e a cada vez maior relevância que os movimentos “mais ou menos formais” como o HeForShe ou o #MeToo ocupam no espaço público ajudam à mudança no paradigma.

Na perspetiva de José Portugal, partner e head of people, performance & culture da KPMG Portugal, as progressões de carreira estão assentes na performance e no alinhamento com os valores da empresa, entre os quais está o respeito pelas características individuais. “Orgulhamo-nos de ter uma percentagem de mulheres nos cargos de topo e na partnership superior às atuais quotas introduzidas pela legislação. Acreditamos que a diversidade de pensamento, de experiências, de culturas e de backgrounds é algo que nos enriquece”, diz.

José Portugal lembra Ethel Watts, a primeira mulher a ser certificada no Reino Unido como chartered accountant (o equivalente a Revisora Oficial de Contas), em 1924. Nos dias de hoje, a ‘voz’ da KPMG enfatiza a campanha “Press for Progress”, destinada a promover a responsabilidade de construção de um futuro mais inclusivo e justo e menos desigual. Trata-se de uma plataforma tecnológica onde os colaboradores partilham experiências e sugestões, que são, mais tarde, transmitas no canal interno KPMG TV, por exemplo.

O Jornal Económico contactou a Deloitte, mas até à hora de fecho de edição deste artigo não conseguiu obter as respostas.

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