O Banco de Portugal (BdP) estima que o programa de aquisição de obrigações de dívida soberana vai contribuir para diminuir as taxas de juro a dez anos em 130 pontos base. O boletim económico do banco central publicado esta quarta-feira sugere que, mesmo depois de terminada a política de compra de títulos de dívida soberana do Banco Central Europeu (BCE), haverá ainda um impacto notório nas taxas de juro.
“No início [em 2015], o programa [de aquisição de obrigações de dívida soberana] terá contribuído para diminuir as taxas de juro longas na área do euro em cerca de 60 pontos base (pb). Em 2019, o impacto do programa sobre as taxas de juro longas na área do euro ascendia a cerca de 130 pb, um efeito associado ao stock de títulos de dívida soberana detidos pelo Eurosistema”, lê-se no boletim económico.
O Banco de Portugal recorda que o programa de aquisição de obrigações de dívida soberana (PSPP) tinha como objetivo “proporcionar um grau de acomodação monetária consistente com a situação e as expectativas macroeconómicas prevalecentes no início de 2015, de forma a conduzir a taxa de inflação para o objetivo de estabilidade de preços”.
O BCE manteve a compra de obrigações de dívida soberana até ao final de dezembro de 2018, altura em que o Eurosistema detinha cerca de 2,1 biliões de euros de títulos de dívida soberana. O montante correspondia a 18,2% do PIB da área do euro. Depois disso, o BCE decidiu terminar com o programa de compra de ativos do Eurosistema, onde se incluíam programas de aquisição de títulos da dívida soberana e de títulos do setor privado.
Ainda assim, o BCE anunciou que “continuaria a reinvestir na totalidade os pagamentos de capital dos títulos vincendos adquiridos neste âmbito”, nota o relatório.
“O Eurosistema manterá o atual nível da carteira de títulos de dívida soberana por um período prolongado, mesmo após um eventual início de subida de taxas de juro da política monetária. Deste modo, é fundada a expetativa de que continuará a ser exercida uma pressão descendente e persistente sobre as curvas de rendimento soberanas na área do euro, incluindo em Portugal, nos próximos anos”, explica o Banco de Portugal.
O banco central recorre, neste relatório, a dados de painel de dez países da área do euro, incorporando variáveis suscetíveis de influenciar as respetivas taxas de juro de dívida soberana, como a situação internacional ou a conjuntura económica de cada país. A especificação impõe que este efeito seja idêntico em todos os países, partindo do princípio de que não haverá perturbações significativas no mercado de dívida soberana na área do euro.
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