Durante o período de confinamento o mundo digital foi o nosso principal aliado. Através da internet tivemos a possibilidade de contactar com os nossos amigos, a nossa família, de “ir” à escola, de assistir a eventos culturais, de encomendar a nossa comida favorita e de fazer compras, muitas compras, não só de bens alimentares, mas também para a casa, para a família e para nós.

O mundo digital foi o nosso maior aliado, isto é inquestionável, mas quando não desfrutado com moderação pode ser perigoso e tornar-se um grande pesadelo.

Na internet tudo está à distância de um clique e nem precisamos de sair da cama para fazer aquelas comprinhas que tanto queríamos, mas provavelmente não precisávamos. E este é o perigo das compras online – um mundo acessível, sem limite, tentador, cómodo e que não exige pronto pagamento. Ou seja, onde os pagamentos são feitos maioritariamente via cartão de crédito, com dinheiro que na realidade não é nosso, e que muitas vezes não temos.

Certamente que conhece alguém, ou até já aconteceu consigo, que fez uma compra online e que no final do mês, no mês seguinte, ou seis meses depois, foi surpreendido com a fatura. Uma fatura que apareceu sem aviso prévio e que deixou o orçamento baralhado.

O desfasamento entre o momento da compra e o pagamento efetivo leva a esquecimentos e a sobreposições de compras, um perigo real com que diariamente nos confrontamos na Reorganiza. Um perigo que contribui para situações desastrosas na gestão dos orçamentos familiares.

Mas, não são apenas os cartões de crédito que favorecem estas situações. As contas ordenado também promovem este facilitismo e potenciam as compras a descoberto. Para evitar cair em tentação, o ideal é não ter cartão de crédito, nem conta ordenado.

Se tiver que optar por um destes produtos, escolha o cartão de crédito e opte sempre pelo pagamento no final do mês, sem juros associados. Mas, que este recurso seja a exceção e não a regra. Para ajudar no autocontrolo aponte todas as despesas que fizer com este cartão, as datas e montantes e faça contas. Já sabe que não deve contar com este montante no ordenado do mês seguinte.

Caso a sua situação financeira já esteja fora de controlo recorra a especialistas em finanças pessoais que, com conhecimento de causa, poderão definir um plano para que cumpra as suas obrigações, com o mínimo de juros associados. O crédito consolidado permite ter todos os créditos num só, reduzindo até 60% o valor total da prestação mensal. Ao consolidar os seus créditos, irá agregar o montante total em dívida a várias instituições num único contrato com uma prestação mais baixa e a uma única entidade. Facilita assim o controlo do dinheiro e consegue poupar muito dinheiro em juros, comissões e afins.

Não viva condicionado pelas más escolhas do passado e procure ajuda. Viva o presente, faça escolhas e compre apenas quando puder fazer pagamento no ato da compra. Pode parecer-lhe limitativo, mas esta é a verdadeira liberdade financeira.