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Concurso para expansão da linha vermelha do Metro de Lisboa pode arrancar ainda este ano

O ministro do Ambiente disse hoje na Assembleia da República que aguarda um pacote de financiamento extra da União Europeia para fazer face ao impacto económico da Covid para avançar, entre outubro e nopvembro, com o concurso público para a expansão da linha do Metro de Lisboa entre a atual estação de São Sebastião e a futura estação do Alto de Santo Amaro.
12 Maio 2020, 15h57

O concurso público para a construção da expansão da linha vermelha do Metropolitano de Lisboa poderá ser lançado ainda este ano, em outubro ou novembro, garantiu hoje, João Pedro Matos Fernandes, numa audição na Assembleia da República sobre o projeto da linha circular entre o Rato e o Cais do Sodré.

Sobre este último tema, além de defender as vantagens da linha circular em termos de procura de passageiros e do ponto de vista ambiental, o ministro do Ambiente foi irónico, dizendo que, se tivesse opção, “tinha ficado é calado, porque este assunto é demasiado circular para se andar sempre à volta dele”.

“Não há nada que não seja uma opção técnica, fundada em números, por trás desta opção. Vale mesmo a pena ler as conclusões do estudo de procura”, garantiu João Pedro Matos Fernandes, já agastado com as críticas dos deputados da oposição, do CDS ao Bloco de Esquerda, sublinhando que os referidos estudos detetaram uma procura de 18 milhões de passageiros/quilómetro para o projeto da linha circular, sem contabilizar turistas.

O ministro do Ambiente garantiu ainda que as obras, de alguma complexidade técnica, em particular na zona da Estrela, irão ser devidamente acompanhadas pelo LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, e desvalorizou a possibilidade de o Tribunal de Contas levantar obstáculos ao empreendimento.

“Ao criar um anel circular entre o Cais do Sodré e o Campo Grande, ficam mesmo estabelecidas as condições ideais para que o metro possa expandir-se para fora da cidade de Lisboa”, assumiu Matos Fernandes na audição da Comissão Parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, que teve hoje lugar na Assembleia da República.

Mas antes de expandir para fora do concelho de Lisboa, vem a expansão da linha vermelha do Metro de Lisboa. Reconhecendo que o projeto de expansão da linha vermelha é o que está mais adiantado – Matos Fernandes assegurou que “nunca foram feitos estudos de expansão sobre outras linhas” pelos governos anteriores – o ministro do Ambiente revelou que “estamos a tentar que uma delas, que é que está mais avançada, e esse também é um critério, o critério da exequibilidade, ou, se quiser, o critério da maturidade, para utilizar a linguagem dos fundos comunitários, que é o [projeto] da linha vermelha, possa começar o quanto antes, e desculpem dizer o quanto antes, não sei dizer de outra forma”.

“O que eu sei dizer é que existem condições da nossa parte, de saber e de conhecimento, para que o concurso público possa ser lançado este ano. Mas não estou aqui a prometer coisíssima nenhuma. Estou a dizer que se nós tivermos, e tudo concorre para que sim, um envelope financeiro extra vindo da União Europeia para promover obras públicas como forma de minimizar e de depressa afastar a crise económica, em que estamos já nela, e vamos continuar a estar em função da Covid, podemos depresssa avançar com essa obra. Não me peçam promessas de calendários alguns (…)”, assegurou Matos Fernandes na referida audição.

O projeto de expansão da linha vermelha do Metro de Lisboa passa pela expansão da rede a partir da estação de São Sebastião até às futuras estações das Amoreiras, Campo de Ourique, Infante Santo, Alcântara e Alto de Santo Amaro, confirme enunciou hoje o ministro do Ambiente na Assembleia da República.

João Pedro Matos Fernandes revelou ainda que a empresa participada do Metro de Lisboa, a Ferconsult, recebeu encomendas dos municípios de Oeiras e de Loures para efetuar os estudos de procura de tráfego e de engenharia para a expansão do Alto de Santo Amaro até à Cruz Quebrada, no lado ocidental da cidade, e de Santa Apolónia até Sacavém e de Odivelas até Loures, Infantado e Santo António dos Cavaleiros, no lado oriental.

Os três estudos de expansão da rede estão em curso e serão entregues às respetivas autarquias, que terão a liberdade para os apresentarem publicamente, se assim o entenderem.

A decisão final sobre os projetos de investimento será da responsabilidade da Área Metropolitana de Transportes, que é a autoridade de transportes, mas o Governo terá sempre de ser ouvido sobre esta matéria.

“Quem está a desenhar o próximo plano de expansão é mesmo a Área Metropolitana de Lisboa [AML]. As áreas metropolitanas é que são as autoridades de transportes. Pretendemos que do pacote de cerca de 1,1 mil milhões de euros de investimento disponível para a próxima década na Área Metropolitana de Lisboa, parte significativa seja utilizada para a rede de transportes, umas [verbas] com o metropolitano, outras com outros meios de transportes”, defendeu o ministro do Ambiente.

Matos Fernandes defendeu uma ideia que, no seu entender, deve estar presente nesse plano de expansão: “sobretudo naquilo que é a coroa da Área Metropolitana de Lisboa, vale mesmo a pena ver quais são os modos de transportes coletivos que são os mais ajustados a essa mesma procura, porque, objetivamente, assim como o comboio tem um custo de exploração por quilómetro mais elevado do que o metro, acho que fazemos mal se falamos apenas do metro e não falamos de outros modos de transporte coletivo, em sítio próprio, que possam e permitam fazer muitos mais quilómetros de expansão, muito mais baratos do que o metro propriamente dito”.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática esclareceu ainda os deputados que a ligação da futura linha circular a Odivelas está assegurada, embora reconheça a previsível redução de frequência de composições devido à bifurcação das linhas que irá implicar este projeto.

Quanto à possibilidade de vir a retirar no futuro a linha de caminho de ferro entre Santa Apolónia e Sacavém, o ministro do Ambiente rejeitou liminarmente essa hipótese.

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