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Constâncio diz que “calúnias” sobre si servem propósitos de Filipe Pinhal e de Joe Berardo

As “calúnias” sobre si “podem servir de tentativa de vingança de alguns dos que foram condenados e afastados do sistema como, por exemplo, o dr. Filipe Pinhal”, disse o antigo supervisor. Constâncio também apontou que as “calúnias” servem o “interesse objetivo de uma pessoa: o senhor José Berardo”.
18 Junho 2019, 10h53

O antigo governador do Banco de Portugal (BdP) diz que as “calúnias” sobre si servem os propósitos de pessoas como Filipe Pinhal e Joe Berardo.

Vítor Constâncio diz que as notícias que têm vindo a público sobre a sua atuação na avaliação de um crédito de 350 milhões de euros da Caixa Geral de Depósitos (CGD) à Fundação Joe Berardo (FJB) com o objetivo desta reforçar a sua partipação acionista no BCP, servem os propósitos do antigo administrador do BCP e do empresário.

“Tais calúnias persistem, e quem aproveita? Parece-me ser uma pergunta que deve ser investigada. Detesto teorias da conspiração. Em última análise, não quero saber se há ou não há alguém por detrás das notícias do Público. Mas não deixo de perguntar, quem pode aproveitar? Curiosamente verifico que podem interessar a um vasto grupo de pessoas por um lado, e a uma pessoa em particular, por outro”, começou por dizer antigo supervisor na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à CGD.

“Não pressuponho que haja alguém por detrás das notícias do Público. Mas em primeiro lugar as calúnias que elas veiculam podem servir de tentativa de vingança de alguns dos que foram condenados e afastados do sistema e foram, de facto, muitos como, por exemplo, o dr. Filipe Pinhal que aqui foi ouvido e que foi condenado não apenas pelo Banco de Portugal, mas também pela CMVM e pelos tribunais criminais pelos crimes que cometeu no BCP”, afirmou, referindo-se ao antigo administrador do BCP.

“Existiram alguns outros, autores de semelhantes crimes que querem agora que o culpado seja o Estado, o regulador, o banco central, e não aqueles que efetivamente os cometeram. Isto vale para muitos dos que foram condenados com base nos processos de contra-ordenação abertos em casos como o BPN, o BPP ou o BCP”, acrescentou.

O antigo governador do Banco Central Europeu (BCE) também diz que na atual CPI à Caixa “se veja já a emergir a tendência para se fazer crer que se algo falhou num banco o primeiro e principal responsável só pode ter sido o supervisor público e não a gestão do banco”.

Vítor Constâncio apontou depois que as notícias que têm saído sobre si e a sua atuação no BdP “servem o interesse objetivo de uma pessoa: o senhor José Berardo”.

“Em última análise, a quem interessa que se pense que o crédito concedido pela Caixa à FJB não tenha quaisquer garantias e sobretudo não tinha como garantia geral o seu património. A quem interessa que se diga que as únicas garantias do empréstimo eram as ações que iriam ser compradas com dinheiro emprestado, como se fossem apenas fichas de um casino. Se isso for verdade, obviamente serviria o interesse de quem deixaria assim de responder ilimitadamente pelo seu imenso património”, destacou.

“Mas não sei se este interesse conta aqui alguma coisa, e não me compete a mim investigar e não quero saber. O que sei é que durante o meu mandato atuei sempre dentro das leis do sistema, como era meu dever como governador do BdP e procurei sempre lutar por um reforço dos poderes de supervisão. Nesse tempo e depois, estou e estarei sempre disponível para todos os debates de ideias sobre o futuro da regulação financeira”, afirmou Vítor Constâncio no Parlamento.

“Infelizmente, a gravidade do que se passou esta semana revelou uma vez mais que há poucas condições em Portugal para um debate racional e sereno sobre essa matéria”, disse o antigo supervisor.

 

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