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Consumo mundial de petróleo vai bater o recorde dos 100 milhões de barris diários no terceiro trimestre de 2019

O relatório da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) relativo a abril diz que este ano o mundo vai atingir um recorde máximo no consumo de petróleo, destacando o grande aumento de produção petrolífera dos EUA.
15 Maio 2019, 07h40

Nunca o mundo consumiu tanto petróleo como o que a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) prevê que venha a ser utilizado a partir do terceiro trimestre de 2019. Diz o relatório mensal de abril da OPEP, divulgado ontem, 14 de maio, em Viena, que a procura global de petróleo vai ultrapassar pela primeira vez na história os 100 milhões de barris diários, durante o trimestre que vai de julho a setembro, sendo igualmente expectável que 2019 venha a terminar com uma procura média de 99,94 milhões de barris por dia.

O grande motor do crescimento da procura de petróleo será a China e outros países asiáticos. Do lado da produção, apesar dos países da OPEP admitirem que a procura dirigida aos países produtores controlados por este cartel terá um recuo da ordem dos 3,2%, a verdade é que a produção das empresas que extraem “shale oil” nos EUA disparou e o respetivo aumento deu para compensar a queda registada entre os produtores da OPEP.

No último relatório mensal, a OPEP refere que os 14 produtores que integram este cartel de petróleo admitem que a procura dos seus clientes em 2019 fixará encomendas totais de petróleo que ficarão cerca de um milhão de barris abaixo do volume que venderam em 2018.

Em, contrapartida, os EUA vão atingir um dos níveis mais altos de sempre na produção de “shale oil”, ascendendo a cerca de 1,85 milhões de barris por dia, num ano em que o consumo mundial terá um aumento da ordem dos 1,21 milhões de barris por dia. Isto é: o aumento da produção dos EUA supera a previsão de crescimento do consumo mundial de petróleo em 2019.

O maior contributo para este crescimento da produção petrolífera mundial virá dos países não alinhados com a OPEP, que previsivelmente deverão produzir mais 2,14 milhões de barris, numa produção total que ascenderá a 64,54 milhões de barris por dia. Mas além do grande crescimento de produção petrolífera atribuível aos EUA, darão contributos para o aumento países produtores como o Brasil (mais 300 mil barris por dia) e a Rússia (mais 190 mil barris por dia), bem como a Austrália, o Gana e o Reino Unido.

Apesar do mundo vir a consumir mais petróleo durante este ano, o consumo efetivo traduz uma revisão em baixa, pois as expetativas iniciais chegaram a prever um aumento de consumo superior. Assim, o aumento de consumo mundial agora fixado em mais 1,21 milhões de barris diários traduz uma revisão em baixa da ordem dos 30 mil barris de petróleo por dia, atendendo a que as previsões anteriores para 2019 apontavam para um crescimento do consumo mundial da ordem dos 1,24 milhões de barris diários. Acontece que a desaceleração do crescimento económico teve de acomodar a revisão em baixa do crescimento do consumo petrolífero mundial. Entre os países com produção petrolífera em declínio estão a Noruega, o Vietname, o México, o Cazaquistão e a Indonésia.

Quanto às cotações do petróleo bruto, em março de 2019, o Cabaz de Referência da OPEP (o designado ORB) aumentou 2,54 dólares, ou seja 4%, ascendendo a 66,37 dólares por barril, o que forteleceu o sentimento dos produtores que procuravam uma valorização do preço do barril de petróleo mais próxima do patamar dos 70 dólares por barril. Com a subida das cotações internacionais, o relatório de abril da OPEP refere que os preços dos futuros do petróleo bruto ampliaram os ganhos em março, com o ICE Brent e o NYMEX WTI a atingirem o seu ponto mais alto ponto desde outubro de 2018 – e apesar das incertezas geopolíticas existentes em várias regiões do globo.

O ICE Brent registou, em média, um aumento homólogo mensal (“m-o-m”) de 2,60 dólares, ou seja, de 4%, para os 67,03 dólares por barril, enquanto os futuros do NYMEX WTI subiram 3,19 dólares, ou 5,8% (uma variação igualmente homóloga, “m-o-m”) para os 58,17 dólares por barril. Nas variações para contratos de futuros mais longos, de ano para ano (o designado “y-t-t-d”), o ICE Brent aumentou 3.40 dólares, ou 5,1%, para 63,83 dólares por barrisl, enquanto o aumento do correspondente NYMEX WTI foi de 7,99 dólares, ou 12,7% por cento, para uma cotação de 54,90 dólares por barril.

Entre os motores da economia mundial continuam a figurar a China, com a respetiva previsão de crescimento para 2019 a manter-se em 6,1%, depois de ter atingido 6,6% em 2018. A Índia tem uma previsão de crescimento de 7,1% para 2019, após os 7,3% fixados para 2018. O crescimento no Brasil é muito inferior mas permanece inalterado em 1,8% para 2019, mesmo assim melhor que os 1,1% fixados para 2018.

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