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Contactos, negócios e parcerias. O que esperam os investidores da Web Summit?

As sociedades de capital de risco portuguesas pretendem estreitar de relações com outros investidores para os captar para os fundos que gerem. Há ainda quem não vá estar presente pelo formato 100% online e lamenta que a organização não tenha pedido ajuda à comunidade.
2 Dezembro 2020, 07h40

O Jornal Económico questionou sociedades de capital de risco em Portugal sobre as expectativas para a edição deste ano de uma das maiores cimeiras de empreendedorismo e tecnologia do mundo, a Web Summit. Os principais objetivos são estreitar relações com outros investidores nacionais e estrangeiros  para os captar para os fundos que gerem, e procurar novas oportunidades de negócio e parceria. Há investidores portugueses que acreditam que o formato online pode trazer eficiência e melhor filtragem de contactos, mas outros consideram que se perde o conceito do encontro e lamentam que a organização não tenha pedido ajuda à comunidade.

Rui Ferreira, vice-presidente da Portugal Ventures

A Web Summit é o palco do que melhor se faz na tecnologia mundial, seja em formato físico, seja em digital. É um evento que dita tendências, onde as startups se apresentam ao mundo e onde a Portugal Ventures, naturalmente, não podia deixar de marcar presença. A expectativa é que se possa manter o nível de interação com as startups e com investidores nacionais e internacionais, reforçando o scounting ativo e as redes de contactos e parcerias, tal como temos vindo a fazer em edições anteriores. A Portugal Ventures irá estar presente no evento de várias formas: irá moderar o painel “Investing in Life Sciences – Opportunities and Risks”, terá a sua equipa, entre conselho de administração, diretores e investment managers atentos e à procura de novas oportunidades de dealflow (dentro dos projetos que se enquadram na sua estratégia de investimento) e dará muito ênfase ao estreitar de relações com outros investidores nacionais e internacionais, para que nos seja possível, por um lado, apresentar as nossas empresas do portefólio com vista ao levantamento de novos rounds de capital, por outro, trabalhar a captação de novos investidores para os fundos geridos pela sociedade, com vista ao seu consequente reforço.

Francisco Ferreira Pinto, partner da Bynd Venture Capital

O que eventos como a Web Summit têm de positivo é o encontro com empreendedores e equipas fundadoras, assim como o networking que promovem com investidores internacionais e outros players relevantes, pelo que este ano será mais desafiante conseguir esse contacto mais próximo, mas certamente será uma oportunidade interessante para conhecer entidades de todo o mundo. Por outro lado, o facto de ser virtual permite-nos uma maior eficiência do tempo e uma filtragem prévia de contactos. A participação da Bynd Venture Capital ocorrerá em dois níveis: em primeiro lugar, estamos a selecionar palestras de interesse que contribuam para o desenvolvimento do conhecimento da equipa de investimento; por outro lado, apostamos no networking remoto com startups e investidores nacionais e internacionais participantes. Estamos neste momento a mapear as startups que estarão presentes nesta edição, de forma a fazer uma pré-análise das que se encaixam nos nossos verticais (áreas de investimento), de forma a marcar reuniões para fazer durante o evento.

Alexandre Teixeira dos Santos, responsável de investimentos da Bright Pixel

Este ano tem sido um ano de estreias e a Web Summit não é o primeiro evento que se realiza totalmente online, pelo que tem sido interessante ver como as diferentes organizações a nível mundial têm criado mecanismos para colmatar o lado humano destes eventos. Acreditamos que será mais desafiante criar laços com empreendedores, parceiros, ou outros investidores, uma vez que não nos estaremos a cruzar fisicamente numa plateia ou num painel. Contudo, estamos a preparar a nossa presença, como já é habitual nesta altura, para que, no âmbito da Web Summit, consigamos conhecer projetos verdadeiramente disruptivos, baseados em tecnologias emergentes, e esse ser um primeiro passo para um futuro investimento.

Stephan Morais, managing partner da Indico Capital Partners

Temos participado em muitos eventos online e a Web Summit terá um conteúdo excecional apesar de ser online. A Indico além de falar em vários painéis via eu próprio e a minha sócia Cristina Fonseca tem ainda marcadas inúmeras reuniões com outros fundos de investimento e investidores em fundos como os nossos. Adicionalmente somos ainda jurados dos quartos de final e final do concurso de startups e durante o vento falaremos com muitas empresas portuguesas e espanholas que possam ser interessantes para os nossos dois fundos sob gestão (66 milhões de euros) onde já investimos 23 milhões de euros em 17 empresas. Eu estarei especificamente num painel que abordará o ponto de situação do ecossistema português e ainda como líder de uma mesa redonda restrita a investidores que aborda as implicações da pandemia no mercado de investimento em startups.

José Serra, managing partner da Olisipo Way

O maior valor da Web Summit era o networking que proporcionava. O formato escolhido não responde a essa necessidade, o que prejudica seriamente o evento. Não sei se seria possível encontrar algo mais atrativo, mas poderia ter-se lançado esse desafio à comunidade. Certamente que apareceriam outras ideias e abordagens mais criativas. Por vezes que temos de confiar e pedir ajuda à comunidade que nos apoia, já que esse é sempre o maior património.

Alexandre Barbosa, managing partner da Faber

A expectativa da Faber é a de que a Web Summit volte a proporcionar um conjunto de oportunidades relevantes nesta indústria, ao reunir empreendedores, investidores, empresas e uma série de personalidades nacionais e internacionais. Desde o início da pandemia que investidores e empreendedores vêm desenvolvendo contactos, discutindo oportunidades e mesmo realizando investimentos com base em contactos maioritariamente remotos e por via digital, pelo que estamos convencidos que a edição deste ano não deixará de ser novamente um acelerador de contactos e negócios entre estas partes. Temos já previstos vários contactos e momentos de participação, tanto para apresentação do nosso novo fundo a investidores institucionais internacionais, como para apoiar empresas participadas ou conhecer novos projetos e empreendedores e discutir possíveis investimentos em parceria com investidores de capital de risco internacionais. Tal como desde 2013, a Faber participará na edição da Web Summit 2020 com o objetivo de i) contactar ativamente com empreendedores e startups para investimento, ii) aprofundar relação com VC internacionais com quem vem discutindo oportunidades de investimento, iii) apresentar o nosso novo fundo a investidores institucionais (fundos de fundos, family offices, empresas) potencialmente interessados em investir no Faber Tech II ao longo dos próximos meses, ou iv) partilhar experiências e pontos de vista enquanto oradores convidados. Para concretizar estes planos, os sócios participarão numa série de iniciativas previstas na agenda do evento, incluindo reuniões com startups, participação como oradores convidados para debater tendências de investimento para 2021, como dinamizadores de mesas redondas sobre investimento em fundos ou oportunidades tecnológicas na Península Ibérica, reuniões bilaterais com investidores institucionais, ou como júri convidado nos quartos-de-final da competição global de startups.

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