[weglot_switcher]

‘Contra os investidores estrangeiros’: primeira-ministra da Islândia lidera protesto

Primeira-ministra Katrim Jakobsdottir quer impedir grandes extensões de terreno de irem sistematicamente parar às mãos de investidores estrangeiros.
2 Agosto 2018, 18h19

A primeira-ministra da Islândia, Katrin Jakobsdottir, está liderar um protesto contra os investidores estrangeiros que andam a comprar vastas áreas da intocada floresta do país e que impor restrições à propriedade da terra. Mas, antes disso, diz que vai esperar por um estudo que está a ser realizado por quatro diferentes ministérios, cujas conclusões devem surgir até ao final do verão.

“Antes de mais nada, quero defender a soberania da Nação”, disse Jakobsdottir numa entrevista à Bloomberg. “É importante para nós que possamos decidir como a terra é desenvolvida e utilizada”, disse.

Como membro do Espaço Económico Europeu, o governo tem espaço de manobra limitado. Jakobsdottir diz que está à procura de “restrições com base no tamanho e número” de lotes de propriedade, o que não é inédito: em 2012, o governo impediu que o milionário chinês Huang Nubo comprasse uma área de 300 quilómetros quadrados no norte.

O governo pretende também responder às crescentes reclamações dos agricultores, muitos dos quais questionam os motivos do interesse estrangeiro – recorde-se que a Islândia só alcançou a independência total da Dinamarca em 1944 e que os sentimentos patrióticos são fortes.

O milionário britânico Jim Ratcliffe e seus associados possuem um total de 39 parcelas, segundo o jornal islandês ‘Morgunbladid’, enquanto o sueco John Harald Orneberg e o suíço Rudolf Lamprecht também compraram terras no Atlântico norte.

Ratcliffe disse, citado pela Bloomberg, que o seu interesse principal está na população local de salmão e que qualquer aperto nas regras pode levá-lo a reconsiderar seus planos futuros. “Ninguém quer operar contra a vontade das autoridades de um país”, disse o seu porta-voz na Islândia, Gisli Asgeirsson.

Embora a maior parte das terras islandesas seja inóspita, ainda é barata (os preços variam entre os 400 mil e os quatro milhões de euros, dependendo do tamanho e do tipo de recursos que oferecem). A Aevar Dungal, uma corretora imobiliária sediada nos fiordes orientais, diz que, embora 70% de seus clientes sejam islandeses, os investidores estrangeiros estão a comprar os maiores e mais caros terrenos.

Jakobsdottir insiste que não se trata de “proibir estrangeiros”, mas sim de “concentração de propriedade” (na Escócia, por exemplo, menos de 500 pessoas supostamente possuem metade de todas as terras privadas) e garantir que a terra seja utilizada da melhor maneira possível.

“Acho que as regulamentações gerais que se aplicam tanto a estrangeiros quanto a islandeses provavelmente serão mais bem-sucedidas e mais viáveis”, disse a primeira-ministra. Sigurjon Sighvatsson, um produtor islandês de Hollywood que tem comprado terras nos últimos 20 anos, diz que não quer ver regras que discriminam os não residentes. “Não tenho medo de estrangeiros, tenho mais medo dos islandeses”, disse, também citado pela Bloomberg.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.