Em 2017, as trocas comerciais entre a China e os países Lusófonos fixaram-se em 117.588 milhões de dólares (cerca de 96 mil milhões de euros), verificando-se um crescimento de 29,4%, face a 2016. Mas um dos passos mais importantes foi dado em outubro de 2003.  A iniciativa, que foi do Governo Central da China, teve o seu pontapé de saída com a criação do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP).

Também conhecido como Fórum Macau, é um mecanismo multilateral de cooperação intergovernamental, sem caráter político, centrado no desenvolvimento económico e comercial. Os seus objetivos passam por consolidar o intercâmbio económico e comercial entre a China e os PLP; dinamizar o papel de Macau enquanto plataforma de cooperação entre a China e os PLP; bem como fomentar o desenvolvimento mútuo entre o Interior da China, os PLP e a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).

O Fórum de Macau organiza uma Conferência Ministerial a cada três anos, e tem aprovado “Planos de Ação para a Cooperação Económica e Comercial”, que definem e planificam a cooperação nos âmbitos económico e comercial entre a China e os PLP. Para executar e concretizar todas as intenções e decisões emanadas das Conferências Ministeriais, foi criado oficialmente, em Macau, no ano de 2004, o Secretariado Permanente do Fórum de Macau, que tem desenvolvido os seus trabalhos nas vertentes da promoção do comércio e de investimento, da cooperação dos recursos humanos e do intercâmbio cultural sino-lusófono.

Na 5.ª Conferência Ministerial do Fórum de Macau, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang anunciou 18 novas medidas para a promoção da cooperação económica e comercial entre a China e os PLP em cinco áreas de destaque: cooperação da capacidade produtiva, cooperação para o desenvolvimento, cooperação humana e cultural, cooperação no domínio do mar e papel de Macau como plataforma. Para além do “Memorando de Entendimento sobre a Promoção da Cooperação da Capacidade Produtiva”, foi assinado na 5ª Conferência o “Plano de Ação para a Cooperação Económica e Comercial (2017-2019)” que tem como principal referência a iniciativa “Uma faixa, uma rota”, visando alargar as áreas e aumentar o nível de cooperação entre as partes.

Nos últimos 15 anos, temos verificado os resultados obtidos nessas Conferências Ministeriais, e que são reconhecidos pelos PLP. Os participantes consideram que o Fórum de Macau abre portas de cooperação e estão empenhados em elevar o nível para um novo patamar e continuar a aprofundar as relações económicas multilaterais.

E Portugal? Portugal, mais uma vez, tem a particularidade de partilhar a língua portuguesa com todos os países participantes, sendo esta uma mais-valia que facilita a promoção de uma rede de contactos e relacionamentos entre a China e os PLP. O cruzamento de interesses empresariais, fruto de uma herança histórica que se traduz nas afinidades linguísticas, culturais e jurídicas, e de um renovado relacionamento com os PLP, fazem de Portugal um elo natural entre a China e os restantes países lusófonos.

Não temos dúvidas de que, atualmente, as relações sino-portuguesas estão no seu melhor período da História. Sejam económicas, comerciais ou bilaterais: estão maduras e estáveis. O comércio bilateral cresce de forma constante e o investimento da China em Portugal continua a expandir-se, alargando as áreas de cooperação. A cooperação tem tido sucessos notáveis, e é uma aposta ganha. No entanto, como todas as relações, necessita de ser preservada.