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Coreia do Sul tenta negociar paz na península duas vezes ao dia e a resposta é sempre a mesma

A chegada ao poder do liberal Moon Jae-in, depois de um escândalo de corrupção envolvendo a sua antecessora Park Geun-hye, em maio deste ano, trouxe uma nova esperança numa reconciliação entre as duas Coreias.
  • Ahn Young-joon/REUTERS
7 Outubro 2017, 18h03

Todos os dias o processo repete-se. Pelas 9 horas da manhã, o Ministério para a Reunificação da Coreia do Sul envia um funcionário para a Panmunjom, a “aldeia das tréguas” situada junto à fronteira com a Coreia do Norte, para tentar estabelecer contacto com Pyongyang. À tarde, um outro funcionário é enviado para executar a mesma tarefa pelas 16 horas. O processo têm-se repetido ao longo de mais de um ano e meio e o resultado é sempre o mesmo: ninguém atende.

Numa altura em que a Coreia do Norte avança com as ameaças de atacar os Estados Unidos e os seus aliados na região, como é o caso do Japão e da Coreia do Sul, o papel do Ministério da Reunificação tem vindo sistematicamente a perder a importância de outrora. Há mais de quarenta anos este era um dos departamentos mais poderoso de Seul, com um papel central no lançamento de projetos económicos conjuntos e no estabelecimento de pequenas parcerias estratégicas entre eles, nos curtos períodos de paz.

Agora o Ministério da Reunificação foi deixado para segundo plano e as decisões mais importantes foram confiadas ao Ministério da Defesa e dos Negócios Estrangeiros. O Ministério da Reunificação sul-coreano enfrenta hoje uma crise de identidade e grande parte das missões que estão atualmente sob a sua tutela tratam-se de meras burocracias e denúncias de testes de armas e propaganda insultuosa por parte da Coreia do Norte. As tentativas de paz na península são cada vez mais uma miragem.

“O Ministério da Reunificação tem que continuar a incomodar Pyongyang sobre as negociações militares”, considera Jeong Se-hyun, que presidiu ao Ministério nos finais da década de 90 e inícios do novo milénio. “Tem que continuar a fazer chamadas no telefone de Panmunjom. A situação pode mudar rapidamente e a Coreia do Norte pode sentir a necessidade de dialogar”.

A chegada ao poder do liberal Moon Jae-in, depois de um escândalo de corrupção envolvendo a sua antecessora Park Geun-hye, em maio deste ano, trouxe uma nova esperança ao povo sul-coreano. Moon Jae-in assumiu uma abordagem mais moderada face à Coreia do Norte e apelou a conversações de paz com o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

“Precisamos aplaudir com as duas mãos o facto de a Coreia do Norte não responder aos nossos telefonemas”, afirma Baik Tae-hyun, porta-voz do Ministério da Unificação. “Mas não será assim para sempre. Houve momentos no passado em que demorou muito, um ano ou dois, para que as relações descongelassem após períodos de animosidade”.

Mas até agora a resposta de Pyongyang é a mesma que durante ano e meio se tem feito ouvir do outro lado da linha.

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