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Coreias organizam nova cimeira para responder às dúvidas da comunidade internacional

Ambiente familiar entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul pretende provar que os efeitos da cimeira de Singapura não ser perderam.
18 Setembro 2018, 09h00

A Coreia do Norte e a Coreia do Sul organizam estas terça e quarta-feira um encontro que, além de promover a reaproximação entre os dois territórios divididos há mais de 60 anos, pretende ser uma prova de que o regime de Kim Jong-un continua focado no cumprimento dos pressupostos do acordo assinado com Washington em junho passado.

Desde que o acordo foi firmado têm surgido numerosos relatos de que a Coreia do Norte não está a cumprir aquilo que foi a proposta de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Relatos que a ONU considera dignos de confiança apontam para que a Coreia do Norte tem vindo a destruir instalações e material que não é relevante para a desnuclearização, ao mesmo tempo que, noutros locais, continua a implementar o seu projeto militar nuclear.

A cimeira de hoje e amanhã pretende ser, por isso, uma forma de o regime de Pyongyang tentar ‘limpar’ uma imagem que, desde junho, tem vindo a perder brilho. A organização do encontro pretendeu emprestar ao acontecimento um aspeto o mais possível familiar: tudo começou com o líder norte-coreano Kim Jong-un e sua mulher Ri Sol-ju a deram as boas-vindas, no Aeroporto Sunan, em Pyongyang, ao presidente do sul, Moon Jae-in, e à sua mulher, Kim Jung-sook.

Nada de mais familiar, como se tudo fosse, mais que uma cimeira internacional, um encontro de velhos amigos. Mais um: os dois líderes reúnem-se pela terceira vez este ano, após as cimeiras de 27 de abril e 26 de maio, organizadas na aldeia da trégua de Panmunjeom, na zona desmilitarizada.

É também a terceira vez que um presidente do Sul viaja para Pyongyang, depois de Kim Dae-jung em 2000 e Roh Moo-hyun em 2007, recebidos por Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un. Moon está acompanhado de uma delegação de cerca de 200 pessoas, entre ministros, líderes dos principais conglomerados empresariais (Samsung, LG e Hyundai, entre outros), bem como estrelas da música e outras personalidades com relevo social.

Duas cimeiras distintas estão agendadas e, segundo o secretário-geral da presidência sul-coreana, Im Jong-seok, três temas devem dominar as discussões: a melhoria das relações entre as duas Coreias, em consonância com a declaração de Panmunjeom de 27 de abril; projetos humanitários que envolvam os dois regimes; e finalmente aspetos económicos – área que serve também para a Coreia do Norte insistir em que está chegada a hora de a comunidade internacional levantar as sanções impostas ao país.

Claro que as negociações entre Pyongyang e Washington sobre a desnuclearização também fazem parte da agenda – marcada pelo cancelamento de uma visita de Mike Pompeo, secretário de Estado da Defesa norte-americano, à Coreia do Norte, naquela que pareceu ser a fase mais baixa do relacionamento das duas partes desde a cimeira de Singapura.

Desde então, Kim Jong-un pediu uma segunda cimeira com Donald Trump em carta enviada para a Casa Branca no início de setembro e descrita como “muito calorosa e muito positiva” pelo presidente norte-americano.

Por fim, o encontro destes dois dias irá também debruçar-se sobre a redução das tensões militares na península, nomeadamente no que tem a ver com a zona desmilitarizada – área onde costumeiramente acontecem vários incidentes entre os dois lados da fronteira.

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