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Corrupção não é problema africano, é problema de ganância, diz presidente do BAD

“A corrupção não é um problema africano, está em todo o lado onde há ganância, quando os indivíduos são gananciosos, fazem coisas más, e a questão é garantir que não o fazem com dinheiros do Estado”, respondeu Akinwumi Adesina, quando questionado pela Lusa sobre o impacto da divulgação do escândalo financeiro conhecido como ‘Luanda Leaks’.
30 Janeiro 2020, 18h44

O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) defendeu hoje à Lusa que a corrupção “não é um problema africano” e salientou que a apropriação de recursos do Estado por um indivíduo não é admissível.

“A corrupção não é um problema africano, está em todo o lado onde há ganância, quando os indivíduos são gananciosos, fazem coisas más, e a questão é garantir que não o fazem com dinheiros do Estado”, respondeu Akinwumi Adesina, quando questionado pela Lusa sobre o impacto da divulgação do escândalo financeiro conhecido como ‘Luanda Leaks’.

“Enquanto BAD, o mais importante para nós é que haja uma boa governação, transparência e responsabilização na gestão das finanças públicas”, disse o presidente do BAD, respondendo à questão sobre se o caso do ex-Presidente de Angola e a sua filha, a empresária Isabel dos Santos, pode pesar nas decisões de investimento em Angola e no continente africano.

O banqueiro acrescentou que “os investimentos têm de ser justos”.

“Temos de combater os fluxos ilícitos de capital, e temos programas contra isso”, afirmou Adesina, encorajando os países a aderirem à Iniciativa para a Transparência na Indústria Extrativa e lembrando que o BAD tem um programa sobre a valorização dos recursos naturais dos países e o acompanhamento da sua comercialização, “para conseguirem saber, de forma transparente, quem os está a vender, para onde e como”.

Para além disso, acrescentou o presidente da instituição, à margem da apresentação do relatório sobre as Perspetivas Económicas Africanas, “o BAD tem um programa chamado Instrumento de Apoio Legal Africano que permite a países exportadores de matérias-primas saberem, de forma transparente, o valor dos recursos”.

“A corrupção é uma coisa tão má, tira o que pertence ao Estado e torna-o numa coisa que pertence a um indivíduo, os recursos do Estado não pertencem a um indivíduo, pertencem ao coletivo”, concluiu Akinwumi Adesina.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou em 19 de janeiro mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de ‘Luanda Leaks’, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.

Isabel dos Santos, constituída arguida pelo Ministério Público de Angola por suspeita de má gestão e desvio de fundos da companhia petrolífera estatal Sonangol, disse estar a ser vítima de um ataque político.

A empresária já refutou o que descreveu como “alegações infundadas e falsas afirmações” e anunciou que vai avançar com ações em tribunal contra o ICIJ, que divulgou o processo ‘Luanda Leaks’.

A filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos reafirmou que os investimentos que fez em Portugal tiveram uma origem lícita.

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