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Cortes do Estado no orçamento da Lusa impedem contratações

Presidente da empresa explica que os cortes no orçamento proposto para este ano são de 490 mil euros, em pessoal e serviços externos. Lucro superou os dois milhões de euros em 2016.
  • Agência Lusa
22 Junho 2017, 08h45

A redução do orçamento da agência Lusa para este ano, determinada pelo Ministério das Finanças, vai impedir o reforço da redação, confirmou ao Jornal Económico ao presidente executiva da empresa, Teresa Marques.

O Estado – maior acionista da Lusa, com uma participação de 50,1% – aprovou o orçamento e o plano de atividades da empresa, mas o seu representante condicionou essa aprovação à inscrição de uma despesa inferior à orçamentada nas rubricas de pessoal e fornecimento de serviços externos.

Em declarações ao Jornal Económico, Teresa Marques especificou que “a aprovação do orçamento foi subordinada a um ajustamento na execução do mesmo em 490 mil euros nas rubricas”.

Explicou, também, que “esta redução implica não se poder proceder a novas contratações, ou seja aumentar o quadro de jornalistas da Lusa, face ao planeado”.

Em consequência da decisão tomada pelo Estado, Teresa Marques já informou que não será possível contratar correspondentes, conforme estava previsto, devido às limitações impostas.

A Direção de Informação reagiu aos cortes anunciados, afirmando-se surpreendida, já que tanto o orçamento como o plano de actividades tinham sido aprovados “pela tutela setorial”, ou seja, o Ministério da Cultura, mas acabaram por ser chumbados pelo Ministério das Finanças.

Em comunicado, a Direção de Informação diz que está à espera que a administração calcule “o real impacto destes cortes na atividade prevista para este ano, de forma a poder tirar conclusões sobre o que poderá fazer em termos de reforço da redação e das redes nacional e internacional”.

No entanto, questionado pelo conselho de redacção da Lusa, o director de Informação, Pedro Camacho, afirmou que, devido aos cortes, “não ficaram criadas condições para fazer a expansão da Lusa preconizada há dois anos pelo Governo”.

Acrescentou ter dúvidas que seja possível “reforçar com novos jornalistas quer a redação quer as redes nacional e internacional”.

A comissão de trabalhadores da Lusa anunciou que vai pedir reuniões aos grupos parlamentares para alertar para as consequências dos cortes que o governo está a impor no orçamento da empresa e quer agendar um plenário para a próxima semana, como noticiou o Jornal Económico.

Teresa Marques referiu, também, que, quanto ao investimento – que inclui a atualização de equipamentos e outras rubricas – “foi aprovado o montante proposto no orçamento e que implica mais do que duplicar o investimento de 2016”.

A Lusa mais do que duplicou o lucro no ano passado, para 2,13 milhões de euros, tendo beneficiado do recurso ao Programa Especial de Redução do Endividamento do Estado (PERES).

O orçamento da Lusa foi de cerca de 15,3 milhões de euros no ano passado e com os cortes deverá ficar, este ano, abaixo deste valor. O orçamento de gastos com fornecimentos e serviços externos foi de 4,260 milhões de euros, mas o Estado impôs o teto máximo de 4,01 milhões, enquanto para gastos com pessoal estavam destinados 10,416 milhões de euros, mas a execução deverá ficar nos 10,176 milhões de euros.

Além do Estado, a Lusa tem como accionistas a Global Média (que tem o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias e a TSF, entre outros meios), com uma participação de 23,36%, a Impresa (dona da estação de televisão SIC e do jornal Expresso, entre outros meios), com 22,35%, e outros accionistas, com participações inferiores a 1%.

O Jornal Económico tentou contactar dos ministérios das Finanças e da Cultura, mas não obteve respostas.

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