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Cotec: Empresas portuguesas já se habituaram a instabilidade política

“É sempre mais uma areia numa engrenagem de um caminho económico que Portugal tem de ter”, disse Isabel Furtado, falando a propósito do XIII Encontro Cotec Europa, que decorre em Nápoles e junta as associações portuguesa, italiana e espanhola.
7 Maio 2019, 10h39

A Associação Empresarial para a Inovação (Cotec) participa esta terça-feira, na cidade italiana de Nápoles, num encontro anual do setor, numa altura marcada por instabilidade política em Portugal, à qual as empresas nacionais “se foram habituando”, segundo esta entidade.

“Nós já nos fomos habituando a viver com alguma instabilidade política e a fazer os nossos negócios com essa mesma instabilidade”, afirmou em entrevista à agência Lusa a presidente da Cotec Portugal, Isabel Furtado.

Ainda assim, para a responsável, a atual crise política no país “é sempre preocupante”. “É sempre mais uma areia numa engrenagem de um caminho económico que Portugal tem de ter”, assinalou Isabel Furtado, falando a propósito do XIII Encontro Cotec Europa, que decorre em Nápoles e junta as associações portuguesa, italiana e espanhola.

O parlamento português aprovou na quinta-feira, na especialidade, uma alteração ao decreto do Governo, com os votos contra do PS e o apoio de todas as outras forças políticas, estipulando que o tempo de serviço a recuperar pelos professores são os nove anos, quatro meses e dois dias reivindicados pelos sindicatos docentes.

Após uma reunião extraordinária do ‘núcleo duro’ do Governo (na sexta-feira de manhã) e de uma audiência com o Presidente da República (nesse dia à tarde), o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que comunicou a Marcelo Rebelo de Sousa que o Governo se demite caso a contabilização total do tempo de serviço dos professores seja aprovada em votação final global.

O encontro de hoje, em Nápoles, que junta líderes empresariais e figuras institucionais dos três países, acontece, assim, numa altura de crise política em Portugal.

É, inclusive, a primeira iniciativa pública de Marcelo Rebelo de Sousa desde o início dessa crise, sobre a qual o chefe de Estado português ainda não se pronunciou.

Segundo Isabel Furtado, “a estabilidade política como motor para o investimento das empresas é sempre um tema que tem de ser tratado”.

Porém, “as empresas também têm de viver com esses riscos, que vão ser não só políticos, mas laborais, fiscais”, argumentou a responsável, referindo que esta é “mais um” caso.

“Uma coisa é certa: como as mudanças são cada vez mais rápidas, qualquer instabilidade também torna estas mudanças mais perigosas”, alertou Isabel Furtado.

Sob o tema “Competitividade e da Inovação na Administração Pública”, o encontro anual das associações nacionais para a inovação e desenvolvimento dos países mediterrânicos (Itália, Espanha e Portugal) realiza-se, este ano, em Nápoles para discutir a introdução das novas tecnologias digitais no Estado.

O objetivo é delinear planos de ação comuns para a administração pública numa altura marcada por grandes mudanças industriais e tecnológicas.

Apesar de considerar que Portugal está “na linha da frente” na modernização dos serviços públicos – nomeadamente na área tributária ou da saúde –, Isabel Furtado apontou aspetos a melhorar.

“Falta mais cidadãos conseguirem aceder a esses serviços e também […] que as empresas consigam usar esses mesmos serviços e reduzir os seus custos, nomeadamente no licenciamento”, adiantou na entrevista à Lusa.

Os encontros Cotec Europa são organizados desde 2005 alternadamente em Portugal, Espanha e Itália.

A Cotec Portugal é a associação empresarial portuguesa para a promoção da inovação e cooperação tecnológica. Abrange multinacionais, grandes grupos e pequenas e médias empresas (PME), representando mais de 16% do produto interno bruto (PIB) nacional e cerca de 8% do emprego no setor privado.

 

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