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Covid-19: CDS quer saber quanto crédito é que já chegou às empresas e a que custo

Até quarta-feira, os cinco principais banqueiros portugueses vão ao Parlamento prestar contas depois de um requerimento do CDS. Cecília Meireles disse ao JE que está preocupada com o acesso das empresas à liquidez que resultada das medidas do Governo. Quer saber quanto dinheiro já chegou ao tecido empresarial e a que custo.
  • Mário Cruz/Lusa
21 Abril 2020, 07h30

Começa esta terça-feira a maratona parlamentar de dois dias para ouvir os principais banqueiros portugueses, numa altura em que os bancos se tornaram numa peça fundamental para executar as medidas anunciadas pelo Governo para mitigar os efeitos adversos da Covid-19 na economia nacional.

A requerimento do CDS, os presidentes executivos da Caixa Geral de Depósitos, Millennium bcp, Novo Banco, Santander Totta e BPI vão responder às dúvidas da Comissão de Orçamento e Finanças (COF).

Cecília Meireles, deputada do CDS, disse ao Jornal Económico que as medidas anunciadas pelo Executivo de António Costa têm por objetivo “principal” injetar liquidez na economia, através das linhas de crédito com garantia estatal e das moratórias.

“Isso transformou os bancos numa peça fundamental da estratégia, por isso é preciso fiscalizar o que está a acontecer”, referiu Cecília Meireles.

Para a deputada do CDS não há dúvidas: “é fundamental que os bancos funcionem ao fazer chegar esse dinheiro às empresas”. E, por isso, “é muito importante perceber que dinheiro é que está a chegar às empresas e à economia, o que é uma maneira de o rendimento se manter nas mãos das pessoas”, vincou.

Cecília Meireles antecipou algumas das perguntas com que os banqueiros vão ser confrontados esta terça-feira, a partir das 14h00, quando Pablo Forero, CEO do BPI, se sentar na mesa da COF.

“Quanto dinheiro é que já foi aprovado em termos de crédito? Do dinheiro aprovado, quanto é que já está disponível nas contas das empresas? Como é que isso se compara com outros períodos, para conseguirmos perceber o que é que está a acontecer no ponto de vista da Covid-19? Que tipo de documentos é que estão a ser pedidos? É ainda preciso saber se estas linhas são linhas novas ou se houve alguma transmissão de créditos que seriam concedidos mesmo sem estas linhas?”, são algumas das questões que a deputada do CDS irá fazer.

Para terça-feira, estão ainda agendadas as audições ao CEO do Millennium bcp, Miguel Maya, às 16h00. Duas horas mais tarde, será a vez de Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Totta, responder às perguntas dos deputados.

Na quarta-feira, a COF questiona Paulo Macedo, CEO da CGD, seguindo-se António Ramalho, CEO do Novo Banco.

Empresas preocupam na reabertura da economia

“É preciso planear o futuro”, salientou Cecília Meireles. Para a deputada, as medidas públicas anunciadas para apoiar as empresas e a economia resolvem problemas do curto-prazo sendo, por isso, necessário pensar na sua situação financeira quando retomarem a atividade. E, também aqui, os bancos têm uma palavra a dizer.

“Estar a atrasar pagamentos ou estar a conceder crédito resolve o problema do ‘agora’, mas vai haver um dia em que as empresas vão reabrir as portas e voltar a ter clientes, e é importante que nesse dia não estejam sobrecarregadas com custos financeiros. Portanto, é muito importante saber a que custo é que esse dinheiro está a chegar às empresas, e até que ponto é que este custo é razoável, tendo em conta que estamos a falar de linhas de crédito que são garantidas pelo Estado, o que significa que o risco para os bancos é muito diminuto ou nenhum”, explicou a deputada do CDS.

“Daquilo que sabemos, este risco não tem sido transmitido para as empresas. É bom que os bancos expliquem porquê”, vincou.

O futuro do balanço dos bancos também “preocupa” o CDS, porque são um “reflexo” da economia. “Não há bancos saudáveis numa economia que não esteja a funcionar”.

“Neste momento temos uma economia parada e uma economia de ‘primeiros socorros’. Se não garantirmos que estas empresas se mantenham em funcionamento ou reabrirem quando acabarem as medidas de confinamento, também não podemos ter a ilusão de que vamos ter bancos saudáveis se a economia estiver a colapsar. Vamos tratar primeiro da economia e as linhas que são feitas para dar crédito à economia de facto chegam à economia e não ficam no balanço dos bancos”, concluiu Cecília Meireles.

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